Após uma semana de informação exaustiva, nomeadamente no que diz respeito ao financiamento dos partidos e ao novo projecto para o terminal de Alcântara, surgiram algumas questões, que a meu ver, merecem alguma reflexão.
Em primeiro lugar, segundo um artigo do Expresso desta semana intitulado "Despesas dos partidos escapam ao controlo", que tem por tema central as fontes financeiras dos partidos, os partidos políticos recorrem habitualmente a fontes de financiamento "informais", quer para as campanhas eleitorais quer para as actividades correntes e que têm implicitamente associadas contrapartidas futuras já que, "não há almoços grátis" sobretudo no mundo da política onde "tudo se paga". São estes "apoios nublados", estes "fumos da corrupção", quase impossiveis de detectar ou alcançar, que vivem na "sombra" e que sabem, para todos os efeitos como dominar e mover a "luz" consoante os seus interesses. Tal como Maria José Morgado disse ao Expresso, "os partidos têm como objectivo chegar ao poder e as empresas tendem a dar prendas ou doações para mais tarde conseguirem decisões favoráveis". As palavras de Maria José Morgado não deixam de ser verdade, embora caiam um pouco na generalização pois, a meu ver, os partidos do centro - que competem ciclicamente pelo poder - são os principais destinatários destas "prendas".
Em segundo lugar, o Governo que anteriormente defendia a "libertação" da zona ribeirinha anunciou a renovação da concessão do terminal de Alcântara até 2042. É certo que as ideias mudam consoante a conjuntura e também é certo que a conjuntura mudou - a Liscont fazia parte da Tertir e agora faz pertence à Mota-Engil - por isso, subscrevo a pergunta que Pedro Lomba fez no seu artigo de 16 de Outubro no Diário de Noticias, "como é que antes a renovação do contrato de concessão desejada pela Tertir parecia uma tarefa impossível por força dos planos governamentais de abertura da área ribeirinha e, assim que a Liscont passa para as mãos da Mota-Engil, o contrato de concessão é logo celebrado, ainda por cima com condições mais favoráveis?", e acrescento: Será que José Sócrates recebeu algum tipo de apoios ocultos por parte da empresa presidida pelo seu "eterno defensor"?! E será que foi por este motivo que José Sócrates antecipou o Natal e deu mais uma "prendinha" a Coelho?! É dificil responder a estas duas ultimas perguntas, pois caíriamos facilmente no risco de entrar no campo das suposições. No entanto, esta questão não deixa de ter uma grande dose de "estranheza", "estranheza" essa que está já a ser analisada pela PGR e que, quem sabe poderá vir a ter o mesmo fim que o caso PSD/Somague, embora não me pareça um cenário provavél porque toda a gente sabe que "quem se mete com o PS leva".
Finalmente, resta-me perguntar: O que é que acontece aos militantes do próprio partido que estão em desacordo com a "chefia" e que podem até, sem dar por isso, tornar transparentes e claros como a água os "apoios sombrios"? Como é, por exemplo, o caso de Manuel Alegre ou de Miguel Sousa Tavares… Também "levam"?!
domingo, novembro 02, 2008
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