11.06.2008 - 14h58 AFP
"O rei do Nepal, oficialmente deposto em Maio, Gyanendra, declarou hoje numa mensagem à nação que respeita a abolição da monarquia e a proclamação da república."Acatei e respeitei o veredicto do povo", declarou Gyanendra, que se preparava hoje para deixar o seu palácio de Katmandu.
O rei que subiu ao trono em 2001 acrescentou ainda que não vai abandonar o país."Entreguei ao governo do Nepal a coroa e o ceptro utilizados pela dinastia real dos Shah", precisou Gyanendra, numa raríssima aparição na televisão nacional.
O ex-monarca deverá instalar-se temporariamente numa antiga residência real nas imediações de Katmandu e o seu gigantesco palácio de Narayanhiti, no centro da capital, será transformado em museu.De acordo com a imprensa local, o ex-soberano reclamou uma guarda pessoal de aproximadamente 400 soldados, mas o governo não lhe concedeu mais que 75 agentes de segurança.Gyanendra e a sua esposa, a antiga rainha Komal, deverão igualmente renunciar aos seus 600 empregados, "entre secretárias, damas de companhia, jardineiros e cozinheiros", que se tornarão a partir de agora agentes da nova República do Nepal, indicou o ministério do Interior.
Gyanendra desmentiu ainda os rumores que o acusavam de ter orquestrado o massacre da família real em Junho de 2001 e que permitiu que ficasse com a coroa. "Em 2001, nem sequer pude chorar a morte do meu irmão, da minha cunhada, dos meus sobrinhos e sobrinhas. As acusações que se levantaram contra nós são desumanas", disse.Sete anos depois deste acontecimento, o país continua traumatizado com a tragédia. Na noite de 1 de Junho de 2001, o príncipe herdeiro, Dipendra, aparentemente ébrio e drogado, terá morto no palácio o rei Birendra, a rainha Aishwarya, e oito membros da sua família, antes de tentar o suicídio.
Gravemente ferido, Dipendra foi proclamado rei e Gyanendra, seu tio, nomeado regente, conservando-se no trono após a morte do seu sobrinho.A saída de Gyanendra é o culminar de um incrível processo político de dois anos durante os quais os nepaleses puseram fim à guerra civil, conseguiram fazer ascender ao poder a ex-rebelião maoísta e enterrar a única monarquia hinduísta do mundo, instaurando um regime republicano.
O "deus-rei", venerado como uma incarnação de Vishnu, perdeu oficialmente a sua coroa no dia 28 de Maio quando a assembleia constituinte eleita a 10 de Abril e controlada pelos maoístas decretou o fim da monarquia e proclamou a república, após 239 anos de governação da dinastia Shah."
In Público
Um pequenino comentário: "Estranhamente" estes maoístas tratam-se bem...
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