Tendo em conta a sondagem feita pela Fundação Bertelsmann - “Quais as qualidades/características mais importantes no poder mundial/ para uma superpotência?”- a India, leia-se a opinião pública Indiana, assim como os EUA deram maior importância à existência de um forte sistema educativo. Não deixa de ser curioso que em relação aos outros factores - poder económico e potencialidades de crescimento; estabilidade política; liderança em termos internacionais; recursos naturais; modelo social e cultural com potencialidades para ser “exportado”; e poder militar- os EUA andam de “mãos quase dadas” com a India no que às respostas diz respeito. Isto porque, embora os números variem um pouco, as respostas de um e de outro revelam uma e a mesma coisa - a concordância. Será que a India tem já as características mais importantes de uma superpotência?!
A India, depois da queda da União Soviética, desenvolveu uma política independente, pelo que, a partir de 1991, se assume como um Estado com enorme potencial para se tornar um interveniente importante no sistema internacional. O seu potencial deve-se, sobretudo, à conjugação de diversos factores que lhe permitem aproveitar todas as potencialidades do país.
Em relação ao factor económico encontramos a emergência da India como uma das principais economias Asiáticas, o que gera inevitavelmente, emprego e por conseguinte, melhores condições de vida.
Quanto ao factor “educação”, a população mais jovem tem “abraçado” as novas tecnologias de informação, sendo que, por este motivo, a India é hoje um dos mais importantes centros de alta tecnologia do mundo. No entanto, e ainda em termos de educação, é preciso não esquecer que quase um terço da população Indiana vive abaixo do limiar de pobreza.
O factor militar tem, sem qualquer dúvida, um papel importantissimo, no que se refere à classificação da India como potência regional e potência global em ascensão. Isto porque, a India tem uma das maiores forças armadas do mundo. Neste campo pode-se dizer que o desenvolvimento é total e constante. A Marinha Indiana tem já a maior presença no Oceano Indico logo a seguir aos Estados Unidos da América. A arma nuclear é também uma realidade, embora tenha levantado uma grande polémica, na década de 80, devido às relações pouco amistosas da India com o Paquistão. A Força Aérea Indiana está em constante actualização e provou já que tem mais qualidade que a Força Aérea Chinesa.
Em termos politicos a India tem também sido bastante activa: relações com a Rússia no campo economico e militar; relações económicas com a Ásia Central, devidas em parte ao interesse que a India tem no petróleo e no gás-natural desta região.
Actualmente, a India está longe de ser uma das superpotências euro-Asiáticas. No entanto, todos os indícios apontam para que, em pouco tempo, esta se torne uma delas. O aumento da população, a expansão da classe média, o robusto aparelho militar, a crescente sofisticação em alta tecnologia estão a tornar a India uma potência em ascensão, nomeadamente nos campos político, económico e militar.
Ao contrário da China, que é vista pelos norte-americanos como potencial rival, a India poderá ser um poderoso aliado para os EUA, nomeadamente no quadro geopolítico emergente. No entanto, a India vê com desconfiança o apoio dado por estes ao Paquistão.
Pode-se então concluir que, embora a India tenha consciência daquilo que necessita para se tornar uma superpotência, e que esteja no “bom caminho” - caminho do desenvolvimento- é estritamente necessário que se continue a desenvolver e que lute pela sua oportunidade num sistema internacional complexo que é o do século XXI. Se no futuro o fizer terá, a meu ver, todas as hipóteses de se distinguir positivamente.
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