quarta-feira, maio 28, 2008

O Equílibrio de Poderes


Por favor nada de alianças sentimentais, nas quais a consciência de ter praticado uma boa acção constitui a única recompensa para o nosso sacrifício.[1]

A realpolitik transforma o poder em contenção. O poder de cada estado é tido como uma ameaça tal ameaça é contida através de alianças e do aumento do poder militar. O constante aumento do poder militar leva a uma dissuasão da partes que por sua ordem reflectem o receio do que o outro Estado possa estar a desenvolver militarmente. Os Estados são instrumentos de poder e não vão abdicar da sua soberania conseguida em 1648 nos acordos de Vestefália.[2] Actualmente os principais actores das Relações Internacionais são os Estados e estes querem manter a sua preponderância no Sistema Internacional (S.I), só através do equilíbrio de poderes viram a atingir uma paridade que conduza o S.I a alterações meramente regionais e não sistémicas. Os Estados são no S.I o mesmo que um déspota era para um Grego, um homem esclarecido que era servo do seu estado, legislador e súbdito dos seus súbditos.[3]Porque o que caracteriza a ordem sistémica é a sua anarquia e a sua conflituosidade, os Estados só respondem perante dos seus nacionais e perante ninguém, pedir a um Estado que se justifique ou que ceda a sua soberania por princípios externos ao estado. Há como que um contrato social de que fala Thomas Hobbes entre o soberano e os súbditos, nos Estados modernos o contrato é feito por eleições e através de sólidas instituições, o equilíbrio de poderes não significa a inexistência de democratização em detrimento do autoritarismo.[4]

No século XXI o ressurgimento de um equilíbrio de poderes será a tendência mundial á medida que o poder americano vai ficando enfraquecido. Vivemos uma era de um mundo pós-americano. Neste mundo o poder incontestado dos EUA será sujeito a novas realidades, pontos de vista de culturas vindas de países emergentes que não partilham os mesmos valores que os EUA nem as mesmas instituições democráticas assim como também não se revêem na ordem mundial criada após 1945. Não será numa bela tarde verão que o mundo ai acordar e dizer: o mundo é multipolar! O processo é mais complexo do que isso, pois, nenhuma ordem mundial cai sem guerra e no século XXI a guerra não tem de ser feita com métodos belicosos pode ser feita de várias maneiras tais como a guerra económica. Quando o S.I mudar por completo e os EUA forem um dos actores do S.I e não o seu principal interveniente pode dizer-se que a luta pelo poder não vai ser pacífica nem a ordem que daí surgir venha a ser agradável para o tipo de mundo que os ocidentais conhecem a mais de 60 anos.[5]

Segundo Fareed Zakaria os EUA vão entrar em declínio, sendo que esse declínio traduz-se numa nova ordem mundial assente o multipolaridade. Para Zakaria existiram três alterações sistémicas, a primeira foi do século XV com uma aceleração tremenda no século XVIII das ciências, políticas e cultura, isto devido ao iluminismo ainda que Fareed não o dia ao século que se refere está a falar do apogeu Europeu enquanto centro do mundo. A segunda mudança ocorreu desde o pós II Guerra Mundial até aos dias de hoje que culminou no imperium americano e na ordem internacional liberal constitucional do século XXI. A terceira alteração é a que virá, isto porque os EUA não querem entender que não podem por tempo indefinido ter o estatuto de super-potência mundial e que cada vez mais se vive uma era de pós-americanismo no mundo, o que não quer dizer que os EUA sejam odiados mas que novos poderes estão a emergir.[6] Em outra teoria G. Modelski também sustenta que o sistema político global tem distintos ciclos históricos de poder que foram: A.C.1500: Portugal até ao fim do século XV, a Holanda no século XVI, Grã-Bretanha no inicio do século XVIII até às guerras napoleónicas e novamente de 1815 até 1945, sendo desde então os EUA.[7] Através das duas visões podemos entender que a ordem sistémica é cíclica e que o poder acaba por mudar ao longo do tempo não sendo possível manter para sempre uma hegemonia, neste erro caiu a URSS ao pensar que podia rivalizar com poder americano, ao dar inicio aos seus programas de ajuda para a revolução bolchevique mundial e aproximadamente 70% do PIB para uso militar pôs fim ao Imperium soviético. Para Robert Gilpin a evolução de qualquer sistema internacional e caracterizada por sucessivos Estados que querem impor os seus modelos de interacção e estabelecer as regras do sistema.[8] Gilpin fala também da característica de uma super-potência que para o ser tem de prover “goods” para o S.I fruto da ordem que criou. Os EUA não vão conseguir indefinidamente manter esses bens para o sistema e entraram em colapso interno tal como aconteceu com o Império Romano e com a URSS.

"In Europe, a new generation to whom war and its dislocations are not personal experiences takes stability for granted. But it is less committed to the unity that made peace possible and to the effort required to maintain it. In the United States, decades global burdens have fostered, and the frustrations of the war in Southeast Asia have accentuated, a reluctance to sustain global involvements on the basis of preponderant American responsibility."[9]

Quase que podemos usar este excerto para a actual situação que vivem os EUA. Devido ao seu estatuto e subestimação da guerra não-convencional o Iraque tornou-se um exemplo do fraquejar do poder americano. A Europa é cada vez mais estável não representando para os EUA uma preocupação como no tempo da guerra fria. O facto de já ter passado por duas guerras mundiais faz com que não se queira aventurar em guerras, tendo a NATO como seu braço armado que utilizada para criar uma nova “cortina de ferro” à Rússia de Putin. O equilíbrio de poderes na Europa está momentaneamente estável, enquanto a NATO estável estiver para assistir militarmente a União Europeia (UE) evitando que os Estados europeus se tenham de preocupar novamente com o equilibro de poderes. Já os EUA têm de se preocupar com um mundo que vê cada vez mais a América como os bárbaros viam o império romano, ou seja, alvo de cobiça pelo modo de vida mas rancor pela imposição de ideais que não partilhavam. Tal como antes de levava a cidadania romana hoje é a democracia. Em suma devido a estes factores aludidos o século XXI será marcado pelo equilíbrio de poderes.

[1] Bismarck, Werke, vol. 1, p. 130, 20 de Fevereiro de 1854.
[2] Robert Cooper, Ordem e Caos no Século XXI, Editorial Presença.
[3] Xenofonte, Mémoraveis, liv. III.
[4] “Sem a linguagem não existiriam entre os homens nem Estado, nem Sociedade, nem Contrato, nem Paz, tal como não existem entre os leões, s ursos e os lobos. Ver em: Jean Touchard, Historia das Ideias Politicas: Do Renascimento ao Humanismo, (vol. II, Europa-América, p. 100).
[5] G. John Ikenberry, After Victory, (Oxford: Princeton 2001).
[6] Fareed Zakaria, Is America in Decline? In Foreign Affairs, May/June, vol. 87. No. 3.
[7] George Modelski, The Long Cycle of Global Politics and the Nation-State, (vol. 20, No. 2 April 1978, pp. 214-35).
[8] Robert Gilpin, War and Change in World Politics, (New York: Cambridge University Press, 1981), pp. 42-43.
[9] Discurso de Henry Kissinger em Nova York em 23 de Abril de 1973. Pode ser encontrado também no livro: Years of Renewal, (Easton Press: Connecticut 1999) p. 600.

terça-feira, maio 27, 2008

A China Como Potência Conflituosa no Sistema Internacional


O Sistema Internacional pela parte dos países ocidentais pretende colocar “inputs” na China para que “outputs” culminem numa integração no Sistema Internacional. Esta fórmula tem em vista criar uma dependência na qual a máquina de decisão da política externa seja afectada pelos “inputs” colocados pelos países ocidentais. É uma visão que não se aplica somente à China. Remonta ao período da guerra-fria em que o mundo bipolar era regido por “inputs” que visavam conter os “outputs” da ideologia de vanguarda bolchevique. Após a queda da URSS o Sistema Internacional deixou de ser bipolar passando por isso a reger-se pelas leis de mercado das economias liberais de estado de direito. Os EUA e o capitalismo haviam vencido a guerra-fria. A tentativa de os EUA em moldar o “mundo livre” para uma aliança de defesa-colectiva instituída na NATO era o culminar de um projecto iniciado com o plano Marshall, os seus frutos são a consagração da democracia como o melhor dos regimes assim como do triunfo dos valores ocidentais.[1]

A China no Sistema Internacional é uma incógnita, representa um algarismo de uma equação para o qual não se tem certezas até que a soma das partes esteja completa. Esta realidade pode ser espectável se a China se sentir isolada e vista como um perigo iminente em todos sectores em que actua. A doutrina Nixon iniciada em 1968 deu um passo pioneiro nas relações entre os dois países, acabar com a “vietnamizaçao” era um dos objectivos. Explorando o conflito sino-sovietico um “reengaging” com a China era a melhor solução para que os EUA não saíssem do Vietname enfraquecidos, este “disengage” era na época uma maneira de mostrar à URSS que os EUA iriam retomar relações diplomáticas com Mao.[2]

Porém é totalmente irrealista a visão de uma China sujeita aos grandes países mundiais no intento de a manter sob o seu controlo. A sua manipulação é cada vez mais complexa tornando-se uma miragem para a maioria dos países europeus que 2035 segundo as estimativas e caso as premissas não se alterem, irão ver a China tornar-se mais competitiva na globalidade de todos os sectores.

Exercer pressão sobre a China em matérias como Taiwan ou o Tibete é pura ilusão. São matérias actualmente usadas nos media, mas que em nada farão a China alterar a sua posição oficial de não auto-determinação. Estas questões tidas como de interesse nacional não podem ser resolvidas com a pretensão ocidental de arrogar uma defesa de valores ocidentais sobre os de interesse nacional chinês. Por isso uma visão que pretenda desestabilizar a China ou mesmo que pretenda a sua implosão não é o mais aconselhável, mas uma aproximação à China de fora a incluí-la no Sistema Internacional sem que esta exerça uma hegemonia a par dos EUA.[3] O busílis da questão está em saber como o Sistema Internacional pretende lidar com a China? Se através de relações comerciais e diplomáticas ou se a contenção vale o risco. Isolar a China é condenar milhões de pessoas à pobreza assim como semear a instabilidade internacional, seja nas principais bolsas mundiais ou a nível regional. A administração Bush tem sido crítica em relação à China, nomeadamente por Paul Wolfowitz quando em 1997 falou num “containment” à China. Isto vem na chamada “Doutrina Bush” que visa a democratização do Sistema Internacional numa onda multilateral.[4]

Alguns observadores comparam China à Alemanha do Kaiser. Robert Kagan, por exemplo diz que a China quer assustar os EUA a saírem da Ásia, assim como o Kaiser quis assustar a Grã-bretanha antes da I Guerra Mundial. Arthur Waldrom, também pensa que mais cedo ou mais tarde a guerra na Ásia é provável. Todo este pensamento dos teóricos ocidentais incide sobre um perigo por parte da China. Atendendo a uma lógica realista não convém à China ter uma guerra na região para não afectar a sua estabilidade interna que está condicionada pelo recursos energéticos de que tanto precisa. Ao vermos a China como um rival a tentativa de entendimento fica anulada pelo sentimento de perigo de uma potência com intenções de impor a sua visão a nível regional ou num plano global. A China não tem de momento face aos EUA qualquer expletiva faculdade de ultrapassar em soft power ou hard power a maior super-potência mundial. O crescimento interno sustentado é o maior objectivo da China para o século XXI. Uma possível guerra contra os EUA não tem partidários de nenhum dos lados, pelo facto de não existir uma decisão racional que provoque tal acontecimento. Nem a “Doutrina Bush” tem nos seus objectivos desencadear uma guerra contra a China.[5]

A complexidade crescente do sistema Internacional faz a China um opositor, a sua tendência para exercer poder na região irá chocar com s interesses dos EUA e do Japão, o que pela ordem natural das coisas levará Japão rearmar-se contra um possível perigo. Assistimos na região ao cenário de uma balança de poderes que cada vez mais tem assumido um papel de destaque mundial. O que surgir na Ásia moldará a ordem mundial

Será a procura por uma economia sustentável que conduzirá a superstrutura Chinesa a exercer pressão no Sistema Internacional. O seu subsistema enquadra-se nos ensinamentos de Tau e Confúcio. O seguimento do moral aplicado a todos na sociedade é a função do governo assim como a manipulação pelas instituições do sócio-cultural. Este legado filosófico, político e religioso complementa-se por uma inexistente partilha dos valores ocidentais. A estrutura interna da china encontrou no marxismo-leninismo uma fórmula de mutação, crescente na Ásia devido a este legado de centralização do poder e fortalecimento das instituições. Aqui podemos comparar a substrutura chinesa com a Alemanha do Kaiser devido à forte implementação das instituições e do que estas representam para a sociedade em que se inserem. A adopção do marxismo-leninismo foi também uma forma de reprimir os valores ocidentais, fruto do colonialismo e das suas marcas na sociedade e prestígio do Estado chinês. São poucos os membros do Partido Comunista Chinês que sabem distinguir as bases político-sociais e económicas da superstrutura. Uma das mais importantes características do sistema político chinês é a sua elevada concentração de poder político no Partido Comunista Chinês. Dentro do partido o poder é concentrado nas mãos de um ou poucos líderes. Política externa, assuntos militares e organização de trabalho do partido. As matérias mais sensíveis são concentradas no líder ou em alguns membros o que limita o processo de decisão.

A China é para os EUA um problema devido à sua influência regional. Após a II Guerra Mundial os EUA controlaram a política externa do Japão assim como a sua capacidade militar. A possibilidade de um novo adversário que possa exercer na região um poderio económico e militar não e visto com bons olhos para s EUA nem pelo mundo ocidental. Segundo Timothy Garton Ash a China a uma escala mundial só possui 4% de armas, menos eu a França, Grã-Bretanha ou Alemanha e muito menos todos estes juntos do que os EUA. Porém possui 12% do dinheiro mundial só ultrapassado pelos EUA.[6] Podemos comparar que só a China pode exercer pressão face aos EUA e ainda que de forma inferior como diz Mearsheimer após a sua consolidação interna esta quererá ser cada vez maior para dominar cada vez mais. Podendo ressurgir nacionalismos assentes no orgulho ferido da colonização pelo ocidente e pela derrota militar com o Japão durante a II Guerra Mundial em que a Chia viu parte substancial do seu território invadido. Pela teoria de Mearsheimer mais vale ser um gigante do que um peq ueno Estado, esta tem sido a política Chinesa. Acreditar que os Jogos Olímpicos e a Expo 2010 só por si vão mudar a China é aceitar que esta está disposta a fazer parte do Sistema Internacional tal como ele é, o que não só por si não prova nada, pois a Alemanha de 1936 não deixou de fazer uma guerra mundial só pelos jogos olímpicos. Nem a China alterará a sua postura em relação ao Tibete ou Taiwan nem os EUA deixarão de conter a China. A ideia de que pelo facto de a China estar em crescimento não fará a guerra é um argumento que a história já provou não ser válido.[7]

Em suma o crescimento chinês será feito de forma gradual da mesma forma que os EUA deixarão de participar com os seus dólares por todo o mundo. A crise do subprime e o aumento do preço do petróleo e cereais faz com que a Super-Potência mundial tenha de aos poucos ir se retirando de um cenário unipolar para um cenário multipolar. Á medida que isto for acontecendo a China será cada vez mais forte na região e no Sistema Internacional. Assim o Japão terá de por si tratar dos seus assuntos militares ou integrar a OTAN. Na primeira opção deu-se um cenário de multipolaridade e a OTAN não se tornou numa organização de segurança colectiva, no segundo tornou-se e terá de desafiar membros do Sistema Internacional como a China e seus possíveis aliados como a Rússia. Aqui fica sem resposta qual o papel da Uniam Europeia, visto que o futuro desta instituição determinará a postura dos EUA no Ocidente. Uma União Europeia para além da OTAN e uma China forte, fazem o Sistema Internacional seguir a tendência da primeira opção apresentada, a extinção da OTAN e a emergência militar do Japão e China. Juntamente com as consequências que isso acarreta.



[1] James E. Dougherty, Robert L. Pfaltzgraff, Jr. “Relações Internacionais: As Teorias em Confronto”, Gradiva, Lisboa 2003.
[2] Thomas W. Robinson, “China Confronts the Soviet Union: Warfare and Diplomacy on China’s Inner-Asian Frontiers”, Fairbank and MacFarquhar, Cambridge, History of China, xv. Pp. 218-301 e 402-472.
[3] Joshua Copper Ramo, “The Beijing Consensus”, Foreign Policy Centre, London 2004, pp. 55-60.
[4] Preemptive War and International Law Steven C. Welsh, CDI Research Analyst, http://www.blogger.com/swelsh@cdi.org
5 De Dezembro de 2003, http://www.cdi.org/news/law/preemptive-war.cfm. No final deste texto pode-se encontrar bibliografia suplementar por ser extensa não se adequa para este trabalho. Porém o texto fundamental da Doutrina Bush pode ser lido na integralidade neste link aqui colocado, sendo que foi este link que serviu para a formulação de uma síntese com o trabalho da Política Externa Chinesa.
[5] Joseph S. Nye Jr. “The paradox of American Power: Why the World’s Only Superpower Can’t Go It Alone”, New York, Oxford 2006, pp. 18-22.
[6] Timothy Garton Ash, “Free World: America, Europe, and the Surprising Future of the West”, New York, Vintage Books 2004.
[7] Zbigniew Brzezinski, John J. Mearsheimer, “Clash of the Titans”, Foreign Policy, 00157228, Jan/Feb 2005, issue146.

sexta-feira, maio 23, 2008

Sugestão de leitura





Entrevista de Fukuyama sobre Blindside.

Um almoço com Mr. Kissinger!


Lunch with the FT: Henry Kissinger
By Stephen Graubard
Published: May 23 2008


I choose Bravo Gianni, an elegant Upper East Side restaurant, for my lunch with Henry Kissinger because it is in a quiet residential area close to his office. When I have eaten out in busier places with the former secretary of state, we have been interrupted – sometimes many times – as friends and strangers come over to greet him.
Here, in a discreet and calm dining room, we will be undisturbed. The owner Gianni Garavelli greets me warmly as I sit down at one of the large tables and wait for Kissinger, who on Tuesday celebrates his 85th birthday. He strides in briskly, dressed as always in a dark suit and sombre tie. Kissinger is a man from an age when open-necked shirts were never acceptable at lunch.
I remind him of another forthcoming anniversary – it is almost 58 years since we first met in 1950 as Harvard graduate students. We agree that the years have flown.
Now, as then, Kissinger shows little interest in wine or spirits and orders sparkling water. My Campari and soda is already on the table. Gianni brings our menus and we decide on a light lunch fit for men seeking to control our weight – both choosing a fresh green salad and linguine con vongole.
Though Kissinger’s graduate studies were in Harvard’s Government Department, what other universities call political science, and the world knows him as a controversial statesman, history was and is Kissinger’s passion.
He bears no trace of the sadness and lack of purpose that hangs over many formerly powerful men in their later years. Perhaps it is because he is still in demand. When we meet he is just back from Asia, before heading off again to Israel and Europe. This summer he will attend the Olympic Games as a member of its board. Kissinger spends little time relaxing at his country home in Connecticut as a man of his years might be tempted to do.
As we make small talk, my copy of his 1994 book Diplomacy is lying open on the restaurant table. I decide that I will approach our lunch conversation as one historian to another. This birthday meal triggers my memory of another, far less grand, lunch we shared together in November 1963. We were talking in Kissinger’s office at the Harvard Center for International Affairs when his secretary burst in to tell us that John F Kennedy had been shot, returning minutes later to tell us that the president was dead.
When I ask how he sees the Kennedy era and its legends, he speaks predictably about the inconclusive nature of Kennedy’s thousand-day administration. Then he pauses and talks on, very surprisingly, about the “might have beens” that historians love to debate. If Kennedy had lived, Kissinger recalls, then Nelson Rockefeller, governor of New York (and Kissinger’s great friend and supporter), might have been the Republican party nominee in 1964 instead of the ill-starred Barry Goldwater. Had this happened, Kissinger might have come to the international stage years before he finally became Richard Nixon’s national security adviser in 1969.
Had there been a Rockefeller v Kennedy contest in 1964, Kissinger says, “I would of course have supported Rockefeller”, but, surprisingly, he makes it surprisingly clear that a Kennedy victory would not have dismayed him. Kennedy and Rockefeller, he says, “agreed on major foreign policy questions, with no ideological issues separating them”.
The real political division in the 1960s – a tragic one in his view – came later when the landslide winner of the 1964 presidential race, the Democrat Lyndon B Johnson decided to expand the war in Vietnam. The decision aroused violent opposition among intellectuals, students and others.
But Kissinger’s anger, verging on contempt, is reserved not for Johnson but for the protesters, who, he feels, wished to see their country defeated. Many still see those demonstrators as heroes but for Kissinger it is this split – into the pro- and anti-war factions – that has proved the most enduring legacy of that time.
I take the conversation on to another presidency now held in revered regard by many Americans, that of Ronald Reagan. This is a potentially tricky subject. Many Reaganites see themselves as repudiating what they feel were Kissinger’s “amoral” policies.
We talk about 1989-91, the collapse of the Soviet Union, and whether the Reagan foreign policy achievement was as great as is now commonly portrayed. Reagan, Kissinger says, “was a major president for a particular period. Eight years earlier he might have failed, eight years later he might have been less relevant.”
At a time when the country felt humiliated by the collapse in Vietnam and the taking of American hostages in Iran, Reagan restored the nation’s confidence and Kissinger regards this as his great achievement. It is not a small tribute but scarcely the exaggerated one so common among ardent Reaganites today.
We pause to munch through a generous shared serving of prosciutto and cheese, brought with the compliments of the house, although both of us avoid the basket of rolls and bread.
Fearing we have dwelled too much on the past, I ask how he would answer if those contending for the presidency in 2008 asked him to prioritise the country’s foreign policy goals, numbering them one, two and three.
“That’s an unanswerable question if put in that form,” he replies. Kissinger argues that there is no one issue that deserves absolute priority. “Still,” he goes on, “if we give attention to our values, are candid about the nation’s capabilities, and are prepared to deny the cherished American ideal that every problem has a solution that can be realised in a specific time-frame, some major problems can be managed.”
This word “managed” is key for Kissinger and recurs frequently in our conversation, perhaps second only to the word “values”.
Kissinger believes that Iraq, while undeniably important, gives the US no excuse for neglecting its relations with China and Russia, with its European allies and Japan, and with other countries essential to American security and well-being in today’s global society.
He has made his way slowly but enthusiastically through the delectable pasta placed before us. It prompts me to recall a 1960s jibe – that the German-born Kissinger’s passion for Wiener schnitzel made visits to Michelin three-star restaurants in Paris superfluous. I wonder whether that still holds or whether he has developed a craving for food that carries no trace of his middle-European childhood.
When we have finished eating, I ask him to outline specifically what his policy on Iran would be. He is firm in his response: “I have advocated that the United States have comprehensive negotiations with Iran ... We need to have an open discussion of all differences.”
This, in his mind, requires Iran to decide “whether it is a nation or a cause. If Iran thinks of itself as a nation or can be brought to do so, it can be accorded a respected place in the international system.” America’s relations with the Shah – who was Kissinger’s friend – were never simply personal, he says; they were grounded in an understanding of the strategic importance of Iran, a situation that still holds today.
“Any serious effort to compromise differences between the United States and Iran must begin in bilateral negotiation, with each side seeking to understand the other’s perceptions. In the end the negotiations must become multilateral, leading to an international accord that will engage all of Iran’s neighbours.”
Kissinger sums up his position: “The challenge is to find a formula for resolving the Iran nuclear issue that allows for effective supervision and control acceptable to the international community.”
I still want to know whether Kissinger believes there must be some change from existing US policy in Iraq. Choosing his words carefully, he says: “It is not important simply to consider change from existing policy, we must consider what is possible at a particular time. What are we trying to achieve? We want to create a situation where existing institutions or new institutions leave room for manoeuvre, where decisions are made indigenously, and where a federalist solution is put into place once the militias have been reduced in their influence.”
He believes the military “surge” is working and says the next question is when to start to move away from an exclusively military option. “This is not a war of states,” Kissinger says. “If we withdraw from Iraq, the radical elements in all the neighbouring Arab countries will be greatly encouraged.” We will, he fears, be unable to maintain ourselves in Afghanistan, or to retain our present position in Pakistan.
He fears a rapid withdrawal could radicalise the vast Islamic community in India. I am fascinated by this statement – I have never heard anyone else say it so robustly – and suggest that he argued in a similar vein about the dangers of a departure from Vietnam. “Not at all,” he says, adding that the collapse in Vietnam was partly compensated for by the almost simultaneous and fortuitous disintegration of the Soviet Union.
Kissinger first went to communist China very early and few in the west can match his breadth and depth of knowledge. So I ask how he views China today, in the current climate of western criticism and concern. “Let me tell you how I see China. China is a country with a record of continuous self-government going back 4,000 years, the only society that has achieved this. One must start with the assumption that they must have learnt something about the requirements for survival, and it is not always to be assumed that we know it better than they do.
“Secondly, because they are likely to be a permanent factor in the world, the dominant or most influential actor in their region of the world that has become so important economically and geopolitically, it becomes the most serious challenge for us, as relations with the United States are for them.
“Some here in the United States believe that if we democratise China, they will become more tractable. This assumes that we know what democratise means. Is it indeed likely that they will become more pliable?” Clearly, he doubts this.
“It is imperative to realise that we cannot do in China in the 21st century what others thought to do in the 19th, prescribe their institutions for them and seek to organise Asia. The Chinese people have undergone huge changes since 1971. The China of 2008 is totally different from the one I first visited. The Communist party is different and though we need not agree with every action taken by Chinese leaders, we cannot simply set ourselves up as their critics.”
I ask whether American competence in the study of China is comparable to that achieved in the decades after the second world war in respect to the Soviet Union. His oblique response is that relations between the US and China have been fairly well handled in recent years but that the need now is to gain a deeper understanding of the complexities of the Chinese situation.
Our intense discussion is interrupted by the menus, with an offer of a variety of very tempting desserts. Virtuously, we turn them all down but order black coffee.
As our meal ends, we talk about current US efforts to bring about the domestic transformation of diverse societies into western-style democracies. Kissinger acknowledges that during a presidential election campaign rhetoric will often substitute for policy but we will soon have to move beyond facile solutions.
I ask what must we aspire to do and he replies with a question of his own. “Do we split the world into a union of democracies and non-democracies, or must there be another approach keyed to regional and historical circumstance?”
Kissinger, the most prolific and widely-published former secretary of state, argues for policies tailored to a global world of highly differentiated states with traditions and histories that demand recognition – even when they scarcely replicate our own.
Though many think Kissinger a Machiavellian, and imagine his concern in old age is largely with that anomalous thing called “legacy”, as an old friend I see no evidence that he is departing from positions, political and geopolitical, he has long held. Indeed, I might almost say that the greatest danger to his reputation is that he may one day be accused of repeating himself.
Kissinger developed certain theories and attitudes early in his career and he has remained faithful to most of them, moving from a consideration of Europe and its leading politicians to concern himself with the wider world, Asia especially. Always concerned with the United States, and only rarely exaggerating its prospects, he has never given in to despair. The man I lunch with knows he has been fortunate. He remains a man at the centre of things, a dedicated historian unwilling to tailor his views to prevailing opinion.
Our lunch ends, and he bids me an abrupt farewell – he has kept his next appointment waiting. For Kissinger, even at 85, has an overloaded schedule. I am left to pay the bill, say farewell to Gianni, and set off for home.
........................
Bravo Gianni230 East 63 St. New York
1 x Campari Soda1 x Bottled Water $202 x Mixed Green Salad $19.902 x Linguine Con Vongole with white sauce $432 x Coffee, one regular, the other decaffeinated $9
Total inc tax $100
Stephen Graubard is the author of ‘The Presidents’ (Penguin)

quinta-feira, maio 15, 2008

Um gesto, mil palavras!




Numa altura em que se fala num choque de civilizações entre o mundo ocidental e o mundo islâmico e depois das tensões crescentes geradas pelo 11 de Setembro e pela resposta norte-americana no Afeganistão e principalmente no Iraque, é uma monarca que no meu entender exerce a diplomacia na perfeição, aquando a sua visita à Turquia. A raínha Isabel II fez uma visita pouco habitual a uma mesquita respeitando os hábitos e tradições islâmicos. Este gesto simbólico pretende mostrar que dois mundos diferentes podem coexistir através da tolerância e do respeito. É do interesse nacional britânico que a Turquia adira à UE, no entanto se os valores democráticos se materializarem na Turquia através da UE, então isso poderá constituir um exemplo para todo o mundo àrabe e poderá trazer maior estabilidade a uma região que é agora importante para a segurança europeia.

domingo, maio 04, 2008

O primeiro Tory, Mayor de Londres: Mr Boris Jonhson

Angry China


Angry China


The recent glimpses of a snarling China should scare the country's government as much as the world

CHINA is in a frightening mood. The sight of thousands of Chinese people waving xenophobic fists suggests that a country on its way to becoming a superpower may turn out to be a more dangerous force than optimists had hoped. But it isn't just foreigners who should be worried by these scenes: the Chinese government, which has encouraged this outburst of nationalism, should also be afraid.

For three decades, having shed communism in all but the name of its ruling party, China's government has justified its monopolistic hold on power through economic advance. Many Chinese enjoy a prosperity undreamt of by their forefathers. For them, though, it is no longer enough to be reminded of the grim austerity of their parents' childhoods. They need new aspirations.


The government's solution is to promise them that China will be restored to its rightful place at the centre of world affairs. Hence the pride at winning the Olympics, and the fury at the embarrassing protests during the torch relay. But the appeal to nationalism is a double-edged sword: while it provides a useful outlet for domestic discontents (see article), it could easily turn on the government itself.

A million mutinies

The torch relay has galvanised protests about all manner of alleged Chinese crimes: in Tibet, in China's broader human-rights record, in its cosy relations with repellent regimes. And these in turn have drawn counter-protests from thousands of expatriate Chinese, from Chinese within the country and on the internet.

Chinese rage has focused on the alleged “anti-China” bias of the Western press, which is accused of ignoring violence by Tibetans in the unrest in March. From this starting-point China's defenders have gone on to denounce the entire edifice of Western liberal democracy as a sham. Using its tenets to criticise China is, they claim, sheer hypocrisy. They cite further evidence of double standards: having exported its dirtiest industries to China, the West wants the country to curb its carbon emissions, potentially impeding its growth and depriving newly well-off Chinese of their right to a motor car. And as the presidential election campaign in America progresses, more China-bashing can be expected, with protectionism disguised as noble fury at “coddling dictators”.

China's rage is out of all proportion to the alleged offences. It reflects a fear that a resentful, threatened West is determined to thwart China's rise. The Olympics have become a symbol of China's right to the respect it is due. Protests, criticism and boycott threats are seen as part of a broader refusal to accept and accommodate China.

There is no doubt genuine fury in China at these offences; yet the impression the response gives of a people united behind the government is an illusion. China, like India, is a land of a million mutinies now. Legions of farmers are angry that their land has been swallowed up for building by greedy local officials. People everywhere are aghast at the poisoning of China's air, rivers and lakes in the race for growth. Hardworking, honest citizens chafe at corrupt officials who treat them with contempt and get rich quick. And the party still makes an ass of the law and a mockery of justice.

Herein lies the danger for the government. Popular anger, once roused, can easily switch targets. This weekend China will be commemorating an event seen as pivotal in its long revolution—the protests on May 4th 1919 against the humiliation of China by the Versailles treaty (which bequeathed German “concessions” in China to Japan). The Communist Party had roots in that movement. Now, as then, protests at perceived slights against China's dignity could turn against a government accused of not doing enough to safeguard it.

Remember the ides of May

Western businessmen and policymakers are pulled in opposite directions by Chinese anger. As the sponsors of the Olympics have learned to their cost, while consumer- and shareholder-activists in the West demand they take a stand against perceived Chinese abuses, in China itself firms' partners and customers are all too ready to take offence. Western policymakers also face a difficult balancing act. They need to recognise that China has come a long way very quickly, and offers its citizens new opportunities and even new freedoms, though these are still far short of what would constitute democracy. Yet that does not mean they should pander to China's pride. Western leaders have a duty to raise concerns about human rights, Tibet and other “sensitive” subjects. They do not need to resign themselves to ineffectiveness: up to a point, pressure works: China has been modestly helpful over Myanmar, North Korea and Sudan. It has even agreed to reopen talks with the Dalai Lama's representatives. This has happened because of, not despite, criticism from abroad.

Pessimists fear that if China faces too much such pressure, hardliners within the ruling elite will triumph over the “moderates” in charge now. But even if they did, it is hard to see how they could end the 30-year-old process of opening up and turn China in on itself. This unprecedented phenomenon, of the rapid integration into the world of its most populous country, seems irreversible. There are things that could be done to make it easier to manage—including reform of the architecture of the global institutions that reflect a 60-year-old world order. But the world and China have to learn to live with each other.

For China, that means learning to respect foreigners' rights to engage it even on its “internal affairs”. A more measured response to such criticism is necessary not only to China's great-power ambitions, but also to its internal stability; for while the government may distract Chinese people from their domestic discontents by breathing fire at foreigners, such anger, once roused, can run out of control. In the end, China's leaders will have to deal with those frustrations head-on, by tackling the pollution, the corruption and the human-rights abuses that contribute to the country's dangerous mood. The Chinese people will demand it.

May 1st 2008
From The Economist print edition