terça-feira, abril 29, 2008

Roma e Pavia não se Fizeram em um Dia...


No ano 1000 AC a China era um conjunto de intrincados reinos independentes. Só no ano 221 AC se tornou una, concentrada na dinastia Quin. Existiram sempre movimentos pendulares de unificação e de desunião, o que não evitou que fosse sempre dos países mais avançados da Ásia central. Para além de ter sido inventado na China um sistema muito similar ao de Guttenberg centenas de anos antes potenciando um enraizamento cultural e de leitura ao qual podemos num nexo de causalidade ter como efeito o confucionismo. O orgulho chinês manteve-se firme por séculos, a sua vastidão e riqueza de conhecimento científico era tal que até se inventou um método de saber quando estava próximo um sismo. Em pleno século XIX a China foi invadida, pelo Japão do qual uma paz punitiva e humilhante para a China deu início a uma onda de colonialismo por parte das potências europeias.

Quando o Império Romano estava no seu auge já a China era velha. O Império Chinês foi fortemente marcado pelo legado do confucionismo. A mudança na China não tem o mesmo significado que para os ocidentais, na China a mudança faz-se com séculos, através de uma maturação e de forte instituições que não contemplam o princípio da individuação, ou seja, o colectivo está acima do individual. O que na China temos de atender são as suas mudanças no pós II Guerra Mundial até à actualidade, as suas mais profundas mudanças sócias, políticas e económicas.

A sua continuidade de Império permanece até hoje através de uma língua comum, um património muito mais antigo do que qualquer língua ocidental. Para um Chinês o respeito ao líder está para além da compreensão de um ocidental. O seu realismo na famosa frase “Não interessa qual é a cor do gato desde que cace ratos”. Esta visão ficou perdida com Mao que tinha uma complexa visão da China, entre o passado imperial e o moderno revolucionário. Para entender como hoje a China é um dos maiores centros financeiros do mundo sendo também fiel às suas ideias Maoistas é necessário uma abordagem à China do Século XXI como já foi no passado.

A China de hoje está centrada no seu crescimento e consolidação interna, a sua visão é neo-realista vem sendo o seu fomento ao crescimento exponencial. Podemos aferir três factores fundamentais na história contemporânea da China: o retomar das relações Sino-EUA o que possibilitou uma détante entre os dois países. Através deste passo a China afirmou-se como player mundial assim como de um “próximo” dos EUA de quem não se espera guerra directa não obstante não possa ser considerado amigo. Não nos devemos esquecer que em Relações Internacionais não há amigos apenas interesses, os EUA pretendiam ganhar terreno a Ásia e colocar a China no Sistema Internacional, uma possível aproximação à Rússia ao seria uma opção a que os EUA fossem arriscar. A segunda a inclusão no Conselho de Segurança (CS) em 1971, isto vem no conjunto da aproximação aos EUA. A saída da China Nacionalista pela China Popular, ou seja não seu espaço geográfico integral e não num espaço tomado por alguns exilados políticos. De atender que quando a China Popular entra no CS Taiwan fica fragilizado politicamente, fragilidade esta de que a China tem tentado explorar de forma a encerrar o capítulo sobre a China Nacionalista. Para a China Popular esta corrente asiática é tida como um perigo que deve ser combatido a todo o custo. Por parque de uma elite tradicional militar a fórmula de combate é a agressão a Taiwan e a sua supressão, Aida que uma jovem elite política que tem vindo a estudar no estrangeiro e a apreender as ideias e a praxis da diplomacia ocidental não queira uma agressão mas um domínio por condicionantes internas tais como ligações económicas. Outra das faces muito importantes para a China foi entrada na Organização Mundial de Comércio. Aqui temos um factor de mudança para a China, a sua inclusão num grande plano mundial, numa conjuntura em que é esperado que cumpra regras tal como os restantes Estados. É uma mudança porque marca a vontade política da China de fazer parte dos assuntos mundiais e neles intervir. Isto marca a passagem do tempo em que a China não procurava senão a sua autonomia, o seu nicho demarcado nas relações internacionais. Após ter conseguido desmarcar-se da URSS e ter sobrevivido para além desta o seu lugar ao sol e uma premissa cada vez mais presente nas elites políticas chinesas. Com menos importância a curto prazo, porém com um significado singular é a intervenção da China no Darfur. Longe de se pautar por fins humanitários tal como não o foi o dos EUA, mas de reafirmar uma política de investimento em África para prospecção de recursos energéticos de a China carece para o seu desenvolvimento assim como de ocupar espaço aos EUA.

Para um chinês a proclamação da república popular da china é muito importante e longe do que se possa julgar para um chinês Mao deixou um legado para além do grande salto em frente. Um chinês vê o dia da proclamação como o início de uma longa jornada que começou com Mao para o respeito e dignidade do povo chinês. Este legado não pode nem de ver obliterado ao líder chinês, pois. Só assim se pode compreender como um chinês pensa sobe Mao e o seu legado.
Os jogos olímpicos são para a China um motivo de orgulho, uma forma de mostrar ao mundo a sua organização e de que é capaz de rivalizar com as potências mundiais. O comité organizador dos jogos olímpicos e a organização mais conhecida na china, mais do que o SC ou a OMC. Tendo em conta isto é de esperar que a China seja cada vez mais neo-realista face aos ataques que tem sofrido por parte de minorias étnicas que almejam a autodeterminação.
Pela luz do Direito Internacional a independência unilateral é proibido, logo se é um objectivo para o Sistema Internacional ou parte dele uma China mais democrática não será uma melhor atitude não apagar a tocha do futuro chinês que possa conduzir a mudanças regionais ou internacionais benéficas para o SI? Tendo em linha de conta o Kosovo que também agravou a situação, visto que capacitou o grupo de insurrectos a aspirar a demonstrações de força face a atletas chineses assim como a manifestações que levaram lideres como Sarkozy a pedir uma mudança no Tibete. Toda esta envolvência que tem chegado ao ponto de alguns líderes mundiais se recusarem ou ponderarem assistir á aberto dos jogos olímpicos só pode afastar ainda mais a China do Ocidente. Se era intento do comité organizador uma aproximação da China pode antever-se que tal desígnio vai sair gorado. Para a Espanha um basco é um insurrecto, para as democracias liberais Quantanamo é visto como um mal menor porém a questão do Tibete é empolada ao máximo, sem dúvida que esta ambiguidade levará como tem levado a China a procurar alianças e a desenvolver a Organização de Cooperação de Xangai.
A Organização para a Cooperação de Xangai visa contrapor o poder da NATO e pode ser entendida como a derradeira tomada de decisão por parte da China nos seus desígnios mundiais de influência regional e internacional, composto por um grupo como a Rússia o Irão, Cazaquistão entre outros países da Ex-URSS. A concentração de poder para o futuro não será só nos EUA mas também na China. Segundo Parag Khanna formado pela Universidade de Georgetown o SI terá três pólos de poder os EUA, União Europeia e China. Sendo que são os países do segundo mundo quem terá a ultima palavra na consagração a um poder mundial devido ao seu apoio. Visto que hoje os mercados de capitais se têm deslocado para alguns desses países e são economias em crescimento cada vez mais dinâmicas.

Cada vez mais a China investe por tudo o mundo, falar-se em soft power chinês é uma realidade. A nova corrida a África faz da China m player muito importante na região. Casos como o de fornecimento de armas ao Zimbabué são marcantes, ainda que a China não viole nenhuma lei ao fornecer armas ao governo de Harare o Ocidente pede um gesto de “goodwill”. Em suma os direitos humanos são um factor premente na China isso é uma realidade que não se contesta mas o facto de praticar uma diplomacia de agressão só conduz ao retrocesso. Nas palavras de Jimmy Carter é preciso uma “ Pariah Diplomacy”, não que a China seja um estado pária mas no sentido de aceitar os Estados como são e lentamente operando mudanças. Roma e Pavia não se fizeram em um dia…

Pariah Diplomacy

By Jimmy Carter

A counterproductive Washington policy in recent years has been to boycott and punish political factions or governments that refuse to accept United States mandates. This policy makes difficult the possibility that such leaders might moderate their policies.

Two notable examples are in Nepal and the Middle East. About 12 years ago, Maoist guerrillas took up arms in an effort to overthrow the monarchy and change the nation’s political and social life. Although the United States declared the revolutionaries to be terrorists, the Carter Center agreed to help mediate among the three major factions: the royal family, the old-line political parties and the Maoists.

In 2006, six months after the oppressive monarch was stripped of his powers, a cease-fire was signed. Maoist combatants laid down their arms and Nepalese troops agreed to remain in their barracks. Our center continued its involvement and nations — though not the United States — and international organizations began working with all parties to reconcile the dispute and organize elections.

The Maoists are succeeding in achieving their major goals: abolishing the monarchy, establishing a democratic republic and ending discrimination against untouchables and others whose citizenship rights were historically abridged. After a surprising victory in the April 10 election, Maoists will play a major role in writing a constitution and governing for about two years. To the United States, they are still terrorists.

On the way home from monitoring the Nepalese election, I, my wife and my son went to Israel. My goal was to learn as much as possible to assist in the faltering peace initiative endorsed by President Bush and Secretary of State Condoleezza Rice. Although I knew that official United States policy was to boycott the government of Syria and leaders of Hamas, I did not receive any negative or cautionary messages about the trip, except that it might be dangerous to visit Gaza.
The Carter Center had monitored three Palestinian elections, including one for parliamentary seats in January 2006. Hamas had prevailed in several municipal contests, gained a reputation for effective and honest administration and did surprisingly well in the legislative race, displacing the ruling party, Fatah. As victors, Hamas proposed a unity government with Mahmoud Abbas of Fatah as president and offered to give key ministries to Fatah, including that of foreign affairs and finance.

Hamas had been declared a terrorist organization by the United States and Israel, and the elected Palestinian government was forced to dissolve. Eventually, Hamas gained control of Gaza, and Fatah is “governing” the Israeli-dominated West Bank. Opinion polls show Hamas steadily gaining popularity. Since there can be no peace with Palestinians divided, we at the Carter Center believed it important to explore conditions allowing Hamas to be brought peacefully back into the discussions. (A recent poll of Israelis, who are familiar with this history, showed 64 percent favored direct talks between Israel and Hamas.)
Similarly, Israel cannot gain peace with Syria unless the Golan Heights dispute is resolved. Here again, United States policy is to ostracize the Syrian government and prevent bilateral peace talks, contrary to the desire of high Israeli officials.

We met with Hamas leaders from Gaza, the West Bank and Syria, and after two days of intense discussions with one another they gave these official responses to our suggestions, intended to enhance prospects for peace:

Hamas will accept any agreement negotiated by Mr. Abbas and Prime Minister Ehud Olmert of Israel provided it is approved either in a Palestinian referendum or by an elected government. Hamas’s leader, Khaled Meshal, has reconfirmed this, although some subordinates have denied it to the press.

When the time comes, Hamas will accept the possibility of forming a nonpartisan professional government of technocrats to govern until the next elections can be held.

Hamas will also disband its militia in Gaza if a nonpartisan professional security force can be formed.

Hamas will permit an Israeli soldier captured by Palestinian militants in 2006, Cpl. Gilad Shalit, to send a letter to his parents. If Israel agrees to a list of prisoners to be exchanged, and the first group is released, Corporal Shalit will be sent to Egypt, pending the final releases.

Hamas will accept a mutual cease-fire in Gaza, with the expectation (not requirement) that this would later include the West Bank.

Hamas will accept international control of the Rafah crossing between Gaza and Egypt, provided the Egyptians and not the Israelis control closing the gates.
In addition, Syria’s president, Bashir al-Assad, has expressed eagerness to begin negotiations with Israel to end the impasse on the Golan Heights. He asks only that the United States be involved and that the peace talks be made public.
Through more official consultations with these outlawed leaders, it may yet be possible to revive and expedite the stalemated peace talks between Israel and its neighbors. In the Middle East, as in Nepal, the path to peace lies in negotiation, not in isolation.


Jimmy Carter, the 39th president, is the founder of the Carter Center and the winner of the 2002 Nobel Peace Prize.

sábado, abril 26, 2008

Strong States and Liberty by Francis Fukuyama

Strong States and Liberty
by Francis Fukuyama

The fiasco of the Olympic Torch Relay has focused attention on the condition of human rights in China. What is the source of human rights abuses in that country today? Many people assume the problem is that China remains a communist dictatorship, and that abuses occur because a strong centralized Chinese state ignores the rights of its citizens. With regard to Tibet and the suppression of the religious movement Falun Gong, this may be right. But the larger problem in today’s China arises out of the fact that the central Chinese state is in certain ways too weak to defend the rights of its people.

The vast majority of abuses of the rights of ordinary Chinese citizens today—peasants who have their land taken away without just compensation, workers forced to labor under sweatshop conditions, or villagers poisoned by illegal dumping of pollutants—occurs at a level far below that of the government in Beijing. China’s peculiar road towards modernization after 1978 was powered by so-called “township and village enterprises” (TVEs), which were local government bodies that were given the freedom to establish businesses and enter into the emerging market economy. The TVEs were enormously successful, and many today have become extraordinarily rich and powerful. In cahoots with private developers and companies, it is they who are producing conditions resembling the “satanic mills” of early industrial England.

The central government, by all accounts, would like to crack down on these local government bodies, but finds itself unable to do so. It both lacks capacity, and depends on local governments and the private sector to produce jobs and revenue. The Chinese Communist Party understands that it is riding a tiger. Each year there are several thousand violent incidents of social protest, each one contained and suppressed by state authorities, who nevertheless cannot seem to get at the underlying source of the unrest.

Americans traditionally distrust strong central government, and champion a federalism that distributes powers to state and local governments. The logic of wanting to move government closer to the people is strong, but we often forget that tyranny can be imposed by local oligarchies as much as by centralized ones. In the history of the Anglophone world, it is not the ability of local authorities to check the central government, but rather a balance of power between local authorities and a strong central government, that is the true cradle of liberty.

The nineteenth century British legal scholar Sir Henry Sumner Maine in his book Early Law and Custom points to this very fact in a fine essay entitled “France and England.” He notes that the single most widespread complaint written in the cahiers produced on the eve of the French Revolution (which Tocqueville also refers to in The Old Regime and the French Revolution) were complaints by peasants over encroachments of their property rights by seigneurial courts. According to Maine, judicial power in France was decentralized and under control of the local aristocracy. By contrast, from the time of the Norman conquest, the English monarchy had succeeded in establishing a strong, uniform, and centralized system of justice. It was the King’s Courts that protected non-elite groups from depredations by the local aristocracy. The failure of the French monarchy to impose similar constraints on local elites was one of the reasons why the peasants who sacked manor houses during the Revolution went straight to the room containing the titres to property that they felt had been stolen from them over the preceding generations. In England, the legitimacy of existing property rights was much more broadly accepted.

State weakness can hurt the cause of liberty. The Polish and Hungarian aristocracies were able to impose their equivalents of the Magna Carta on their monarchs; those countries’ central governments, unlike their English counterpart, remained far too weak in subsequent generations to protect the peasantry from the local lords, not to speak of protecting their countries as a whole from outside invasion.

The same was of course true in the United States. “States’ Rights” and federalism was the banner under which local elites in the South could oppress African-Americans, both before and after the Civil War. American liberty is the product of decentralized government balanced by a strong central state, one that is capable, when necessary, of sending the National Guard to Little Rock to protect the right of black children to attend school.

It is hard to know if and when freedom will emerge in 21st century China. The latter may be the first country where demand for accountable government is driven primarily by concern over a poisoned environment. But it will come about only when popular demand for some form of downward accountability on the part of local governments and businesses is supported by a central government strong enough to force local elites to obey the country’s own rules.

quarta-feira, abril 23, 2008

It will survive?





Se o início da tentativa da globalização do Cristianismo, do Islamismo e de outras religiões começou há vários séculos, o final do século XX trouxe nos a tentativa da globalização da ciência, do liberalismo económico, dos valores democráticos (incluindo a separação entre a igreja e o Estado), etc.

Observando os dados do gráfico, concluimos que cerca de 14% (não-religiosos e ateus) da população mundial não tem religião. Este facto significa que apesar de na maior parte dos países a religião esteja separada do poder político (excepto nalguns casos do mundo muçulmano), a verdade é que continua a ser uma grande influência na esfera individual de cada um. Ou seja, continua a exercer um poder directo e indirecto, na sociedade, na política, na economia, etc.


Daí e também pelos valores éticos e morais que cada religião professa, se compreende a "luta" pela conversão, neste combate a Igreja Católica tem vindo a perder fieis, comparando com o Islão que apesar dos mediáticos efeitos do terrorismo islâmico, tem aumentado o número de fieis no mundo.


Grande parte dos problemas políticos têm como base diferenças culturais e ideológicas, em que a religião está presente no background. Só compreendendo este papel fulcral da religião se poderá também resolver muitos dos problemas que destabilizam a paz e segurança internacionais. Se os líderes políticos não compreenderem este facto, poderão tomar decisões não racionais que afectarão o país e a comunidade internacional e se os líderes religiosos não compreenderem a força da sua mensagem só estarão a condenar a existência da fé que professam.


Por enquanto a fé e a ética religiosa sobreviveu ao laicismo, à globalização da ciência e do liberalismo económico, à sua própria inadaptação ocasional aos tempos actuais e aos actos de violência que por vezes é a causa. No entanto não podemos desvalorizar o seu importante papel no mundo.