Manifestantes prometeram neste domingo manter o movimento para derrubar o primeiro-ministro socialista da Hungria, depois do maior protesto feito até agora. Os socialistas venceram as legislativas de Abril, após uma campanha dominada pelo discurso de que o país vivera no oásis, nos quatro anos anteriores da coligação entre socialistas e liberais (MSZP, SZDSZ).
Parece-me que Ferenc Gyurcsany deve resistir, mesmo após ter admitido que mentiu para ganhar a reeleição e o governo deverá manter as reformas no orçamento que ganharam apoio preliminar da Comissão Européia.
Esta é a crise política mais grave na Hungria democrática e evoca cenas da Revolução de 1956, cujo 50º aniversário se celebra em Outubro. Refira-se que o regime comunista caiu sem protestos de tal dimensão.
Em causa, está a sobrevivência política do primeiro-ministro húngaro, mas de forma mais crucial a do seu programa de austeridade, que prevê mais impostos e cortes na despesa. Serão despedidos funcionários públicos, aumentados preços do gás e electricidade. A oposição contesta, mas se estivesse no poder não poderia fazer outra coisa. Do ponto de vista do Fidesz, a saída de Gyurcsány seria um escândalo que o MSZP pagaria em 2010, nas próximas legislativas. Para os socialistas, se o primeiro-ministro se mantiver no cargo, a sua autoridade estará comprometida, isto no meio de uma crise complexa, e só a 1 de Outubro (altura das eleições locais e regionais) é que se tornará claro até que ponto Gyurcsány foi afectado pelos estragos desta crise.
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