Joseph Nye que definiu o conceito the smart power, aponta o mesmo como a utilização de uma inteligência contextualizada, no sentido de conseguir combinar o soft power com o hard power para atingir com sucesso o interesse nacional. Ou seja, smart power é uma capacidade ou qualidade política utilizada pelo representante do Estado no plano internacional
«Smart power is the ability to combine hard and soft power with contextual intelligence. Contextual IQ is a broad political skill which involves understanding the evolving culture and needs of potential followers, as well as capitalizing on trends and adjusting style to context.
“It is not that hard or soft power is better, or that an inspirational or transactional style [of leadership] is the answer, but that it is important to understand how to combine these power resources and leadership styles in different contexts,” Nye said. “Successful leadership may rest more upon soft power in the past, but the prize will go to those with contextual intelligence to manage the combination of hard and soft power into smart power.”»
Nye fala no ajustamento do estilo ao contexto e na compreensão da cultura envolvente e também na compreensão das necessidades de um potencial seguidor.
No entanto, aqueles que defendem a realpolitik, parecem querer manipular o conceito de soft power unilateralmente. Ou seja, afinal alguns que se denominam como defensores de uma visão amoralista das relações internacionais, acabam por fugir à pureza da sua corrente de pensamento, e assim terem como valor "moral" e dogmático, a necessidade do Mundo das democracias liberais ocidentais terem que necessariamente esquecer o cariz dos regimes dos outros Estados, quando encetam relações diplomáticas políticas e económicas com os mesmos.
Porque não poderá acontecer o contrário? Afinal os Estados com regimes "condenáveis" também são dependentes de outros Estados e têm interesses a concretizar no "mundo livre ocidental". Então o smart power é também um factor de sucesso para a política externa dos regimes autoritários. E não me parece que líderes políticos como Hugo Chávez da Venezuela, ou Than Shwe do Myanmar, ou Ahmadinejad do Irão sejam os melhores exemplos daqueles que utilizam o smart power.
Uma visão realista não deve ser condicionada por valores morais, no entanto, defender uma política idealista em certas situações poderá ser a possibilidade de melhor concretizar o interesse nacional.
2 comentários:
Caro Rui
O Soft Power não sofreu nenhuma acção unilateral por parte dos defensores da Realpolitik. Trata-se de usar como na famosa expressão de Nye “cenouras e paus”, de forma a levar os actores do Sistema Internacional (S.I) a agir de acordo com a nossa vontade sem os obrigar através do poder militar, sanções, isolamento ou através de pagamentos, entenda-se ajudas monetárias. Na actualidade a formulação de alianças já não é feita sob o amparo dos acordos secretos. A sociedade globalizada em que vivemos torna essa tarefa muito difícil. Hoje, é nas Organizações Internacionais que se pode exercer diplomacia para que “seja dada a cara” pela organização, exercendo-se influência indirecta, isso já não é Soft Power.
Quando Kissinger retomou uma diplomacia aberta com a URSS e a China, ao faze-lo estava a mostrar a esses governos que os considerava “legítimos”, ainda que não, para que por sua vez se propiciasse uma aproximação na qual seria possível estabelecer contacto para saber o que esses regimes estavam de veras a fazer e para os integrar no S.I. Por serem totalitários e não possuírem a legitimidade governativa que no entender de Nye favorece o Soft Power, era imperioso dar-lhes a ilusão de que havia por parte de uma democracia liberal o seu acolhimento.
“A country may obtain the outcomes it wants in world politics because other countries want to follow it, admiring its values, emulating its example, aspiring to its level of prosperity and openness. In this sense, it is also important to set the agenda and attract others, and not only to force them to change by threatening coercive measures. This soft Power—getting others to want the outcomes that you want—Co-opts people rather than coerces them.” Joseph S. Nye Jr.
Assim, os EUA conseguiram mostrar a sua força no S.I e a sua vontade em praticar a diplomacia. Os regimes desses países por serem “condenáveis” aceitaram dialogar o que poderia não ter acontecido. Note-se que em 2003 o exército dos EUA não passou pela Turquia porque o parlamento não autorizou, amiúde governos autoritários organizam eleições manipuladas só para terem uma suposta legitimidade.
É por isso que a Realpolitik se debruça a dialogar com Estados não democráticos e sem moralismos. Porque uma vez que estes não podem exercer o Smart Power devido ao facto de não serem legítimos na contextualização do Soft Power, somente utilizando o Hard Power, tem de partir da outra parte essa aproximação. Assim, o Estado que a enceta, mais do que se dar como parte fraca, só mostra que está interessado numa détante. Porém, temo que agir com essa praxis não seja uma questão de “moral” ou dogmatismo, visto se essa vertente não resultar, um realista adopta outra enquanto quer um idealista fica preso, alguns, a questões de ortodoxia.
A problemática de da Realpolitik ter como requisito o estabelecimento de relações com Estados autoritários é de carácter excessivo. Pelo mesmo facto de que os idealistas também iniciarem guerras… não perdendo por isso a ortodoxia. Passava-se o mesmo durante a URSS, não podia atacar ouros Estados porque sendo socialistas não ia fazer o mesmo que os “regimes não democráticos do ocidente faziam”, resolveu-se então o problema com a tese da soberania limitada, assim já se podia intervir sem perder a pureza ideológica.
O mesmo se passa com os idealistas que se dizem fiéis e acérrimos defensores dos direitos humanos mas não se coíbem em implantar a democracia à força não obstante as perdas, desde que o objectivo seja concretizado. Não será isso uma perda de pureza e somente o uso do Hard Power?
Em relação ao facto de líderes como Than Shwe, Chávez ou Ahmadinejad não exerceram o Smart Power, Nye diz ser muito mais fácil a uma democracia tal feito. Porém não é de todo impossível, note-se a China com a célebre frase de Deng Chiao Ping: não interessa de que cor é o gato desde que cace ratos. Isso é o uso do Soft Power para a legitimação e condução do povo Chinês ao gradual capitalismo de vertente maoista e integração no S.I.
Os Gregos que assentavam toda a sua existência no belo no conhecimento e na moderação. Não sentiam a existência do que estava para lá sua cultura de louros. Tal só revelava diletantismo face ao resto do mundo conhecido. Como disse Nietzsche: a existência é aterradora. Talvez por isso alguns usem de forma unilateral o idealismo, ainda que às vezes. Como uma droga é sempre uma última vez porém outras acabam por vir.
Caro Rui nas relações internacionais na minha humilde visao nao deve haver espaço para grandes idealismos ou moralidades já dizia o maquiavel que uma coisa é a moral a outra é a politica. Nas RI nao há amigos, há parceiros, há aliados mas nao quer dizer que os aliados de hoje nao sejam os amigos de amanha ou vice-versa, mas amigos nao pode haver. porque cada Estado deve defender os seus intresses nacionais e se num determindo momento for preciso negociar com lideres "asquerosos" para defender o interesse nacional eu defendo que isso se faça... mas compreendo o tua visão nao digo que ela seja errada ou certa é apenas uma opiniao assim como a minha :P Saudações Academicas para todos
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