quarta-feira, junho 18, 2008

Sim à Geórgia e Ucrânia na NATO!

Durante o período da Guerra Fria, a esfera de influência soviética estendia-se até às paredes orientais do muro de berlim e nada faria prever uma futura adesão de actuais Estados-membros como a Bulgária, Polónia, Hungria, Estónia, Eslováquia, Eslovénia, Letónia e Lituânia.

Após a queda da União Soviética, houve uma emergência dos nacionalismos na Europa do leste e na Ásia Central, muitas vezes acompanhados por processos de democratização e adesão a um sistema de economia de mercado.

O processo de adesão à NATO permitiu solidificar as novas democracias e estender a esfera de influência da aliança atlântica até às fronteiras da Rússia. A expansão da NATO aos países do ex-Pacto de Varsóvia contibuiu para a estabilidade política nesses países o que implica maior segurança para os Estados da Europa Ocidental em relação aos seus vizinhos do leste.

A Rússia é hoje uma potência emergente, que com a presidência de Putin e de Medvedev caminha no sentido de restaurar o poder e o orgulho perdidos no final da Guerra Fria. A tensão é crescente entre a aliança atlântica e a Rússia, observe-se a questão do Kosovo e a da colocação de dispositivos militares de defesa anti-míssil na República Checa e na Polónia. Torna–se assim de grande importância estratégica a continuação do alargamento da NATO e dos processos de consolidação de democracias que o ingresso na NATO proporciona.

A Alemanha, Itália e França alegaram na Cimeira de Bucareste que a adesão da Ucrânia e a Geórgia não devia se efectuar enquanto o processo democrático nesses países não estivesse consolidado. No entanto o próprio MAP (Membership Action Plan) permite solidificar a democracia dos referidos países e ainda permite espaço para uma futura recusa da adesão dos mesmos. De facto, é uma vantagem que a Grécia não tem uma região que se chama Ucrânia ou Geórgia, porque assim não impedirá a adesão destes Estados por uma questão semântica, como aconteceu com a Macedónia. No entanto a NATO nos devidos momentos soube colocar os interesses estratégicos e o pragmatismo à frente de qualquer outro critério. Portugal estava a 25 anos de distância de ser uma democracia quando foi membro fundador da aliança atlântica.

A garantia da contenção da Rússia através da adesão da Ucrânia e Geórgia, permitira à NATO dar toda a atenção às ameaças globais que hoje enfrenta, como o terrorismo ou a proliferação de armas de destruição maciça. A Revolução Laranja e Rosa nos respectivos países confirmaram a vontade e o interesse de os mesmos pertencerem ao mundo do capitalismo e das democracias liberais. A liberdade, a tolerância e a paz, assim como a existência de sociedades livres não podem ser negadas à Geórgia e a Ucrânia. George W. Bush disse na cidade de Varsóvia em 2001 que “os EUA e a Europa, mais que uma aliança, partilham uma civilização”. A defesa dos valores civilizacionais defendidos pela NATO será engrandecida com a adesão da Geórgia e a Ucrânia.

Bibliografia:

BOYER, Spencer P. , NATO: Expansion and Division,
http://www.americanprogress.org/issues/2008/03/nato_expansion.html

BUSH, George W. , President Bush Visits Bucharest, Romania, Discusses NATO,
http://www.whitehouse.gov/news/releases/2008/04/20080402-2.html

KUPCHAN, Charles A. , Summit Shows Growing Difficulties in Reaching Solidarity in Western Alliance, http://www.cfr.org/publication/15945/kupchan.html

THE ECONOMIST, Georgia, Ukraine and NATO: Surrounding Russia,
http://www.mfa.gov.ge/index.php?lang_id=ENG&sec_id=85&info_id=1531

Rui M. F. Saraiva

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