No rescaldo do "Prós e Contras" de ontem, parece-me que muito ficou pra discutir, ou pra esclarecer até! E o grande problema nem foi sequer dos oradores, ou da sua qualidade, mas sim da escolha que foi feita para lá ir debater o assunto. Que se poderia esperar de dois cartoonistas, cujo trabalho apenas alcança estas proporções porque o fanatismo islâmico lhas quis conferir?
Que esperar de dois "líderes" religiosos (pelo menos assim lhe chamou a Fátima) que estavam comprometidos, um com o passado e outro com o presente? O problema, que está longe de ser os cartoons, insere-se apenas na esfera da política internacional, e da amplificação fanática que os líderes religiosos islâmicos e os responsáveis políticos lhe têm conferido. São basicamente um pretexto pra justificar, entre outras coisas, a necessidade de o Irão se armar nuclearmente.
Servem, assim, pra incitar as mentes mais frágeis a reagir contra o ocidente, que de uma forma tão profana anda a materializar a figura do profeta.
A questão é que o jornal dinamarquês nunca chegaria ao mundo árabe caso não fosse propositadamente pra lá levado. A questão passa também pela necessidade, que decorreu de setembro a janeiro, de espalhar os cartoons pelo mundo árabe, ou seja, atear um rastilho que já estava regado com gasolina. Se se tivesse tratado de um conjunto de grafitis, provavelmente teria identica reprecurssão, pois alguém se encarregaria, antes de destruir o muro, de lhe tirar umas fotos e leva-las tal qual se fez com o jornal.
Tudo isto passa pela liberdade de expressão. O problema é que o que se entende por liberdade de expressão no ocidente e no mundo árabe são obviamente coisas muito díspares, e com flexibilidades totalmente diferentes. Deste modo, arrisco a dizer que não entendo de que forma foram escolhidos os convidados de ontem, pois na realidade apenas dois estavam aptos a discutir a essência do problema, e naquele ambiente só um se conseguiu exprimir.
Não me vou agora debruçar sobre formas de resover o problema. Não tenho tempo.
Mas acho que deviamos pensar um bocado nisto.
Mas acho que deviamos pensar um bocado nisto.
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