Após a queda da URSS longe estavam os analistas políticos que anteviam o fim da história de acreditar que neste mundo enquanto há vida há política há conflituosidade. Em política a máxima de que um espaço de poder vazio é logo preenchido por outro actor deve ser tomado em linha de conta. Em suma não existem espaços de poder por ocupar. Porém a conflituosidade dos nossos dias nem sempre nos dá a possibilidade de interpretar as ameaças no Sistemas Internacional (S.I), a URSS deixou de existir mas dos seus despojos brotaram novas ameaças e desafios tais como: a ameaça nuclear por parte de grupos não estaduais; o que será a Rússia no Século XXI; ou mesmo a função dos EUA depois de um mau planeamento e gestão na guerra do Iraque. Isto tem muito que ver com o (in)constante fenómeno Chávez.
A Rússia nunca viveu um período de uma democracia liberal como esta é entendida no Ocidente, talvez seja uma premissa errada a de levar aos povos “bárbaros o fogo” quando estes se adoptam ao frio. O período de 1991 a 2000 marca a subida ao poder de Vladimir Putin e a transformou da Rússia numa economia feudal de oligarcas. A corrupção a nível institucional é um dos focos de cristal da Rússia actual, com mais de 600mil novos funcionários públicos na era Putin o gigante Estado não para de crescer. Desde o tempo dos czares que a Rússia é uma oligarquia o próprio comunismo com o Politburo era uma oligarquia, ainda que diferente da realidade chinesa, mas com total domínio sobre a Rússia. Não foi Putin que criou o regime de oligarcas mas Yelstin, ainda que não fosse tão conservador como Putin foi este que o nomeou seu sucessor.
Uma esmagadora maioria por parte do partido de Putin revela que a Rússia não é nem quer ou pode ser uma democracia liberal. Portugal só atingiu esse patamar a partir da primeira revisão constitucional de 1982, de S. Bento ao Kremlin vão anos de história nos quais em Portugal como em todos os Estados da Europa Ocidental nunca houve escravatura de nacionais.
O futuro a Deus pertence porém ainda iremos ouvir falar muito no senhor Putin, agora que o pano cai e a plateia aplaude Putin vai dar as indicações aos seus figurantes. A Rússia do século XXI vive num limbo entre os anos de hegemonia internacional e o pós comunismo. Na sua procura de dominação regional que não será simples de refrear, num mundo multipolar este actor não pode nem deve ser subestimado.
Mas não é só na Rússia que podemos notar inquietações, na Venezuela está longe de ter saído de cena Hugo Chávez. A sua política externa entra em choque com aquilo que sempre foi a “doutrina monroe”. Os seus ataques aos EUA como um “império do mal”, nem da parte dos americanos inédito no seu “axis of evil”, agora achar que na América latina os EUA deixaram de exercer a sua influência é puro idealismo. Mesmo que a intervenção a nível internacional dos EUA seja diminuída pelo logro da guerra no Iraque, mesmo que o isolacionismo defendido por algumas elites americanas vença, o que não vai ser em catadupa ou mesmo nos próximos anos, caso os EUA queira manter a sua hegemonia cada vez mais contestada e atacada. Chávez ficou com 49% dos votos a favor e 51% contra. Perdeu a batalha mas não a guerra. No seu comunicado deixou bem claro que não votaram três milhões de pessoas que, segundo ele, iriam certamente votar a favor da referenda constitucional caso o tivessem feito. Até 2013 tem tempo para se adaptar e alterar este desaire, e será isso que vai fazer…
Um novo socialismo não me parece o melhor termo, porque esses países como a Venezuela usam o nacionalismo económico, pelo facto de possuir altas reservas de petróleo. O socialismo por definição é uma passagem para o comunismo e não tem nacionalismo mas uma ideologia de partido de vanguarda que aspira a revolução mundial contra o capitalismo. Chávez é regional, o seu projecto é para a América do sul. Na Rússia também podemos ver o nacionalismo económica a funcionar ainda que sem uma carga ideológica mas com uma ambição regional de longo prazo de recuperar o lugar perdido.
Em suma a questão nuclear na Rússia e a falta de fiscalização deve ser um assunto mais premente. A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) determinou que eleição foi ilegal sofrendo para o efeito manipulações. No mais vasto país do mundo é complicado levar a cabo tais medidas como no Ocidente e mesmo levar os russos a ter em linha de conta os preceitos democráticos. Com isto podemos considerar que longe estão os dias que em os analistas políticos e o público em geral não tenha de se preocupar com o que se passa do outro lado do mundo, a isto chama-se o fenómeno da globalização.
Este fenómeno tem sido muito mal-encarado na sua globalidade. O que nos permite abordar o fenómeno Chávez também nos permite abordar acerca de Putin e fazer uma comparação. Porém Chávez não representa uma ameaça ao S.I como Putin. A Federação Russa não é encarada pela esmagadora maioria dos teóricos de Relações Internacionais como um perigo. Atendendo à sua praxis de política externa o cerco a Kaliningrado por parte dos países membros da NATO assim como os antigos satélites soviéticos é visto pelo Kremlin com reservas, até aqui nada de novo, o facto é que a NATO reconhece com criação de um Conselho NATO-Rússia a sua relevância no futuro da Europa.
Não só na Europa como no S.I falasse de um perigo verde (a cor do Irão) mas o perigo verde também vem da Rússia. Leon Tolstoi fala da cor verde como sendo a cor da Rússia, no tempo dos czares a cor dos uniformes do exército era verde. Por isso à uma duplicidade na cor verde. Se o perigo amarelo é tido como uma ameaça o perigo verde não é de chalacear. No perigo amarelo temos sob alvo a pressão que as economias liberais sofrem com a sua emergência, mas do perigo verde temos os antigos impérios Russo, Persa e Otomano. O Mundo Ocidental até pode aceitar que se formem blocos de poder, o que não pode aceitar é uma aproximação dos amarelos com os verdes sob pena de os azuis, a cor mais usada no mundo ocidental e a que talvez caracteriza melhor, serem colocados numa posição de serem dominados.
A Rússia nunca viveu um período de uma democracia liberal como esta é entendida no Ocidente, talvez seja uma premissa errada a de levar aos povos “bárbaros o fogo” quando estes se adoptam ao frio. O período de 1991 a 2000 marca a subida ao poder de Vladimir Putin e a transformou da Rússia numa economia feudal de oligarcas. A corrupção a nível institucional é um dos focos de cristal da Rússia actual, com mais de 600mil novos funcionários públicos na era Putin o gigante Estado não para de crescer. Desde o tempo dos czares que a Rússia é uma oligarquia o próprio comunismo com o Politburo era uma oligarquia, ainda que diferente da realidade chinesa, mas com total domínio sobre a Rússia. Não foi Putin que criou o regime de oligarcas mas Yelstin, ainda que não fosse tão conservador como Putin foi este que o nomeou seu sucessor.
Uma esmagadora maioria por parte do partido de Putin revela que a Rússia não é nem quer ou pode ser uma democracia liberal. Portugal só atingiu esse patamar a partir da primeira revisão constitucional de 1982, de S. Bento ao Kremlin vão anos de história nos quais em Portugal como em todos os Estados da Europa Ocidental nunca houve escravatura de nacionais.
O futuro a Deus pertence porém ainda iremos ouvir falar muito no senhor Putin, agora que o pano cai e a plateia aplaude Putin vai dar as indicações aos seus figurantes. A Rússia do século XXI vive num limbo entre os anos de hegemonia internacional e o pós comunismo. Na sua procura de dominação regional que não será simples de refrear, num mundo multipolar este actor não pode nem deve ser subestimado.
Mas não é só na Rússia que podemos notar inquietações, na Venezuela está longe de ter saído de cena Hugo Chávez. A sua política externa entra em choque com aquilo que sempre foi a “doutrina monroe”. Os seus ataques aos EUA como um “império do mal”, nem da parte dos americanos inédito no seu “axis of evil”, agora achar que na América latina os EUA deixaram de exercer a sua influência é puro idealismo. Mesmo que a intervenção a nível internacional dos EUA seja diminuída pelo logro da guerra no Iraque, mesmo que o isolacionismo defendido por algumas elites americanas vença, o que não vai ser em catadupa ou mesmo nos próximos anos, caso os EUA queira manter a sua hegemonia cada vez mais contestada e atacada. Chávez ficou com 49% dos votos a favor e 51% contra. Perdeu a batalha mas não a guerra. No seu comunicado deixou bem claro que não votaram três milhões de pessoas que, segundo ele, iriam certamente votar a favor da referenda constitucional caso o tivessem feito. Até 2013 tem tempo para se adaptar e alterar este desaire, e será isso que vai fazer…
Um novo socialismo não me parece o melhor termo, porque esses países como a Venezuela usam o nacionalismo económico, pelo facto de possuir altas reservas de petróleo. O socialismo por definição é uma passagem para o comunismo e não tem nacionalismo mas uma ideologia de partido de vanguarda que aspira a revolução mundial contra o capitalismo. Chávez é regional, o seu projecto é para a América do sul. Na Rússia também podemos ver o nacionalismo económica a funcionar ainda que sem uma carga ideológica mas com uma ambição regional de longo prazo de recuperar o lugar perdido.
Em suma a questão nuclear na Rússia e a falta de fiscalização deve ser um assunto mais premente. A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) determinou que eleição foi ilegal sofrendo para o efeito manipulações. No mais vasto país do mundo é complicado levar a cabo tais medidas como no Ocidente e mesmo levar os russos a ter em linha de conta os preceitos democráticos. Com isto podemos considerar que longe estão os dias que em os analistas políticos e o público em geral não tenha de se preocupar com o que se passa do outro lado do mundo, a isto chama-se o fenómeno da globalização.
Este fenómeno tem sido muito mal-encarado na sua globalidade. O que nos permite abordar o fenómeno Chávez também nos permite abordar acerca de Putin e fazer uma comparação. Porém Chávez não representa uma ameaça ao S.I como Putin. A Federação Russa não é encarada pela esmagadora maioria dos teóricos de Relações Internacionais como um perigo. Atendendo à sua praxis de política externa o cerco a Kaliningrado por parte dos países membros da NATO assim como os antigos satélites soviéticos é visto pelo Kremlin com reservas, até aqui nada de novo, o facto é que a NATO reconhece com criação de um Conselho NATO-Rússia a sua relevância no futuro da Europa.
Não só na Europa como no S.I falasse de um perigo verde (a cor do Irão) mas o perigo verde também vem da Rússia. Leon Tolstoi fala da cor verde como sendo a cor da Rússia, no tempo dos czares a cor dos uniformes do exército era verde. Por isso à uma duplicidade na cor verde. Se o perigo amarelo é tido como uma ameaça o perigo verde não é de chalacear. No perigo amarelo temos sob alvo a pressão que as economias liberais sofrem com a sua emergência, mas do perigo verde temos os antigos impérios Russo, Persa e Otomano. O Mundo Ocidental até pode aceitar que se formem blocos de poder, o que não pode aceitar é uma aproximação dos amarelos com os verdes sob pena de os azuis, a cor mais usada no mundo ocidental e a que talvez caracteriza melhor, serem colocados numa posição de serem dominados.
Pode ser alarmista e precipitado mas enquanto Roma arde a União da Europa Ocidental (UEO) deve ser revitalizada assim como a Nato deve ser encarada como um mecanismo com que a UEO deve trabalhar. Numa tendência de Pan-zonas assentes em alianças militares um mundo mais complexo emerge perante nós. Não de autarcias, pois, o Mundo de hoje não interage com autarcias que é o oposto da globalização, todavia uma resistência a esta será certamente de esperar.
4 comentários:
Em primeiro lugar parabens pelo texto no que toca à Russia(um tema no qual eu adoro estudar e comentar)é hoje algo de muito "estranho e pouco definido" como diz o duarte e bem a Russia nunca viveu numa autentica democracia liberal, desde sempre que adoptou sistemas absolutistas oligarcas como no tempo dos Czars, passando pelo sistema sovietico,e depois com Russia de yeltsin pouco mudou no que toca às oligarquias, Vladimir Putin sonha com o resurgimento da "Grande Mae Russia" já vindo a publico afirmar que os antigos bombardeiros estrategicos russos vao voltar, novos misseis estam a ser fabricados a democracia que muitos pensavam que se ia estabelecer na Russia nao passa já de uma miragem como o Duarte disse e bem as eleições foram consideradas ilegais pela OSCE, já para nao falar das manifestações da oposição a Putin liderada pelo antigo campeao do mundo de xadrez Kasparov, da jornalista Anna Politskaya assasinada com rajadas de metrelhadora, ou do antigo espiao do KGB(URSS) FSB(Russia) Alexander Valterovich Litvinenko que era grande opositor de Putin dentro dos serviços secretos, a Russia é uma das grandes incognitas neste Sistema Internacional que nao se sabe bem para onde irá caminhar...Neste momento esta Admistração Americana nao tem se pronunciado muito sobre este caminho que Putin quer para a "Mae Russia" ou entao têm o receio de voltar a uma nova guerra fria... No que toca ao Irao outro grande problema um Estado governado por "Radicais Lunaticos" que quer a todo o custo fabricar armas nucleares nós bem sabemos no mundo ocidental que isto tem de ser evitado mas como o fazer? atraves de uma intervenção tipo Iraque...penso que nao. Bombardiamentos cirugicos por parte da força aerea americana talvez esta seja a melhor solução. mas como vao reagir os Estados que têm vendido os segredos nucleares? (Russia, China, Paquistao) como vai reagir a ONU? a Opniao publica? grandes desafios temos pela frente. No que toca à venezuela depois da derrota no referendo Chavez deverá estar a "fabricar" novo projecto para se manter no poder até porque ainda falta algum tempo para acabar o seu mandato, Chavez tem importancia porque como o Duarte diz em bem detem grandes reservas de petroleo... por isso temos de tentar arranjar boas estratégias para lidar com este "grande maluco". mais uma vez parabens Duate pelo seu post.
Não se podia esperar que os Estados Unidos mantivessem o seu estatuto de única potência mundial durante muito mais tempo. Agora, o problema é que as políticas dos republicanos da Administração Bush aceleraram todo esse processo de corrida a "um lugar ao sol" por parte de todos esses estados que se falou. E pior ainda, ao denegrir a imagem dos Estados Unidos no mundo, e por arrasto da Europa, dão lugar a estes extremismos do Irão e Venezuela. São perfeitamente compreensíveis. Causa-efeito, pura e simples.
Abraço
Não posso afirmar convictamente que foram os Republicanos a deteriorar a situação dos EUA no mundo. O que mormente aconteceu foi uma tomada de decisão por parte da administração Bush que independentemente de quem ganhe as eleições em 2008 não mudará como se pensa.
Os democratas falam num “Reengaging” para a América no mundo, porém todo esse processo não pode ser uma forma de descomprimir a operação militar no Iraque e Afeganistão. Aliás o grande erro para além do mau planeamento para depois da queda de Saddam e como evitar um ressurgimento dos Taliban. A táctica é aumentar o contingente militar de forma a assegurar a segurança e implantação da democracia no Iraque assim como a construção de fortes instituições e condições para a sociedade civil.
O S.I ainda não é multipolar por excelência, tem os “tiques” disso mas os EUA ainda são o Estado com maior “soft power” da história da humanidade assim como a maior máquina militar.
Por enquanto ainda nada está escrito para que um perigo se torne numa ameaça. No entanto se os EUA se isolarem por começo a retirar do Iraque e Afeganistão então o perigo será uma catástrofe eminente.
Neste processo a UEO não tem qualquer peso e a NATO no seu alargamento corre o risco de se tornar demasiado burocrática sendo por isso temente a ideias políticos divergentes o que a podem paralisar.
Caro Ricardo
Muito agradeço os seus elogios. É para mim uma honra que V. Exa. comente o que escrevo. Espero também vir a ter essa honra.
Bem-haja. Desejo um feliz Natal a todos.
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