segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Kosovo



O Kosovo está para a Sérvia, como Guimarães está para Portugal. Para muitos sérvios essa região é o berço da nação sérvia. Além disto, declarada a Independência, os sérvios tornam-se uma minoria étnica e religiosa no Kosovo, apesar das declarações de Hashim Tacic, primeiro ministro Kosovar, que reafirmam o respeito pelos direitos humanos. Ora o que para uns é o finalizar do processo de desagregação da ex-jugoslávia, para outros é um factor de instabilidade nos Balcãs e no resto da Europa.
A Rússia e a Sérvia desde sempre se manifestaram contra a independência do Kosovo. Amanhã (2ª feira), os EUA devem declarar o seu apoio e na UE as posições dividem-se. A Grã Bretanha, a Alemanha e a França deverão declarar o apoio a uma independência limitada do Kosovo, como a ONU recomendou. A Grécia, Chipre, Eslováquia, Bulgária, Roménia e Espanha deverão mostrar se contra a independência do Kosovo. Certamente não interessá à Espanha a declaração unilateral de independência por parte de uma das suas regiões autónomas como a Catalunha ou Bilbao. O argumento dos que estão contra, defende que o Costume e o Direito Internacional obriga à realização prévia de um acordo entre as partes, declarando assim o reconhecimento de uma independência unilateral como ilegal.
Com a independência do Kosovo, abre se uma caixa de pandora (como Dimitri Peskov, porta voz de Putin, referiu). Daqui pode advir o ínicio de novas independências e nacionalismos em efeito dominó. Pode também ser o retorno a um certo clima bipolar Este/Oeste que existia na Guerra Fria. E finalmente será esta a prova de como a UE nunca poderá vir a ter uma política externa comum?
Bowring: What about all the other Kosovos?
The Balkans may be a long way from Asia but the word "Balkanization" is still etched in the minds of many leaders, particularly those who lived through the years of instability that followed decolonization.
Though the issue of Kosovo is not attracting too much public comment in Asia, it is a worry for those who ponder the implications for countries struggling with separatist minorities of their own.
They note that while the original break-up of Yugoslavia resulted from internal forces, the independence of Kosovo was made possible because the United States and the European Union supported this dismemberment of Serbia. Whether this is the result of idealism or is regarded as punishment for Serbia's actions during the Milosevic era does not matter from the point of view of those not directly involved.
Indonesia and Sri Lanka have said that they will not recognize Kosovo's independence. China and Vietnam insist that any solution must not compromise the territorial integrity of Serbia. Most other Asian official reaction is similarly likely to be negative.
There are two issues here from an Asian perspective. The first is how far the principle of self-determination should be taken. Kosovo is a landlocked state of 2 million people, 10 percent of whom are Serbs strongly opposed to its independence.
The second is to ask when and where the process of dismemberment of former empires will end. After all, the very word "Balkanization" derives from the break-up of the Balkan territory of two empires, Ottoman and Austro-Hungarian, into 10 states.
It may be that the nature of the European Union can allow many mini-states to exist within a broader political entity, and that Kosovo is as viable as Luxembourg. Just possibly, the EU can be successor to the former Ottoman and Hapsburg empires, embracing all states of the Balkans, big and small.
Possibly. But none of that is much consolation to other regions of the world which do not possess equivalents to the EU. Since 1945, if not earlier, they have mostly lived with two concepts: First, the nation state as accepted by their peers at the United Nations; second, borders defined by their histories as parts of Western empires.
Thus far there have been remarkably few post-colonial formal splits. The major one was the creation of Bangladesh out of an untenable Pakistan divided by a thousand miles and an equally large cultural gap. Singapore's separation from Malaysia was peaceful. Eritrea's from Ethiopia was not.
But African and Asian nations still worry deeply about national integrity. The end of formal Western empires (most recently the Russian one) is still far too close for successor nations to be confident that their borders will survive. So they are particularly sensitive when they find the West instinctively supporting separatist movements, even if only verbally.
Whether the issue is Darfur, West Papua, Nagaland or the Shan states, the old colonial powers are often seen on the side of difficult minorities opposed to the central governments the powers themselves created.
Nor does it appear, at least from a distance, that an independent Kosovo offers even a sensible solution to the problem of linguistic nations divided from their national state. Logic would surely be the partition of Kosovo between Albania and Serbia, rather than the creation of another mini-state with another disgruntled minority.
Many in the rest of the world do not even credit the West with good intentions, noting that some influential voices in Western capitals would be happy to see Iraq divided into three states, Shiite, Sunni and Kurd.
Even if they appreciate that the European Union and the United States are trying to solve problems rather than introduce new divide-and-rule stratagems, they worry.
Take Sri Lanka. Kosovo logic suggests that the Tamils in the north deserve a separate state, an eventuality that would have huge implications for an India which can only exist if its major constituent parts - be they Tamil, Sikh or Bengali - accept an overriding identity and the benefits of diversity and size.
None of this is to argue that minority rights do not matter - that China can suppress Tibet and (Turkic) Xinjiang, that Russia can brutalize Chechnya, thatThailand can submit its Malay/Muslim minority to alien laws and language, and so on.
But for most of Africa and Asia the issue is sustaining states capable of delivering administration and a stable basis for development. As Kenya shows, even in states without overt separatist problems and with some success in economic development, the over-riding problem remains integrating diverse peoples into states.
Kosovo's independence may be the last act in the Balkanization of former empires. But it also looks like a victory for tribalism and creates a principle which can only exacerbate problems in other countries. In place of acceptance of minority autonomy within a single state structure there will be fights to the bitter end between centralism and separatism.
by Phillip Bowring
In The International Herald Tribune

domingo, fevereiro 10, 2008

La llama que llama - Dalai Lama

Apenas um anuncio a uma companhia telefonica a jeito de piada para desanuviar um pouco. Espero que gostem!

Dalai Lama II

No sentido de tentar esclarecer algumas dúvidas suscitadas aqui no blog sobre as ideias e príncipios que o Dalai Lama defende, não há melhor que ouvir o próprio a falar. No âmbito das Relações Internacionais penso que é um tema de grande relevância, porque envolve o interesse nacional de grandes potências, o respeito pelos direitos humanos, a violação do Direito Internacional, a acção das OIG's e das ONG's a este respeito, a interdependência entre os Estados, etc.

sábado, fevereiro 09, 2008

Dalai Lama


Sou a favor do pluralismo de opiniões. No entanto, quando se analisa a vida e o papel político, social e religioso do Dalai Lama ou outras individualidades, é necessário olhar para as circunstâncias e as condicionantes que os rodeiam. As violações aos direitos humanos levadas a cabo pelo regime comunista na China ao longo de mais de meio século, não só na região do Tibete mas em toda a China, são conhecidas do público "democrático" em geral. A China hoje tem duas opções, ou democratiza-se e respeita os territórios autónomos e os príncipios da Carta das Nações Unidas como o da autodeterminação dos povos, ou então é minha a convicção que a emergência da sua economia vai abrandar e gradualmente vai se tornar um Estado hostil às democracias ocidentais. A invasão do Tibete por parte da China é uma violação do Direito Internacional, da mesma maneira que foi a invasão do Kuwait pelo Iraque no ínicio dos anos 90.

Quem conheça os príncipios fundamentais do budismo, sabe que os valores que o Dalai Lama defende, não são só operações de estética e imagem com objectivos políticos. De facto, hoje o Dalai Lama , à semelhança de Ghandi no passdo, é um dos homens que desempenhou as suas funções políticas através da defesa de príncipios como a não-violência, a paz e os direitos humanos.
Breve biografia de S. S. Dalai Lama:
Em 1950, com 15 anos de idade, Sua Santidade foi solicitado a assumir a completa responsabilidade política como chefe de estado e de governo, após a invasão chinesa do Tibet. Em 1954, foi a Beijing para tratativas de paz com Mao Tsetung e outros lideres chineses, como Chou En-Lai e Deng Xiaoping. Em 1956, durante visita à Índia para participar das festividades do aniversário de 2500 anos de Buda, esteve presente em uma série de reuniões com Nehru, o Primeiro Ministro Indiano, e o Premiê Chou, sobre a situação do Tibet que se deteriorava rapidamente.
Seus esforços para alcançar uma solução pacífica para o problema sino-tibetano foram frustrados pelas atrocidades da política chinesa, no leste do Tibet, dando origem a um levante popular. Esse movimento de resistência espalhou-se por outras partes do País, e em 10 de Março de 1959, Lhasa, a capital do Tibet, explodiu em um grande levante. As manifestações da resistência tibetana exigiam que a China deixasse o Tibet, reafirmando a sua independência.
Quando a situação se tornou insustentável, pediu-se ao Dalai Lama que saísse do país para continuar no exílio a luta pela libertação. Sua Santidade seguiu para a Índia, que lhe concedeu asilo político, acompanhado de outros oitenta mil refugiados tibetanos. Hoje há mais de 120.000 tibetanos vivendo como refugiados na Índia, Nepal, Butão e no Ocidente. Desde 1960, Sua Santidade reside em Dharamsala, uma pequena cidade no norte da Índia, apropriadamente conhecida como "Pequena Lhasa", por sediar a sede do governo tibetano no exílio.
Desde a invasão chinesa, Sua Santidade apresentou vários recursos às Nações Unidas sobre a questão tibetana. A Assembléia Geral adotou três resoluções sobre o Tibet, em 1959, 1961 e 1965.


Processo de Democratização


Com o estabelecimento do Governo Tibetano no Exílio, Sua Santidade percebeu que a tarefa mais imediata e urgente era lutar pela preservação da cultura tibetana. Fundou 53 assentamentos agrícolas de larga escala para acolher os refugiados; idealizou um sistema educacional tibetano autônomo (existem hoje mais de 80 escolas tibetanas na Índia e Nepal) para oferecer às crianças refugiadas tibetanas pleno conhecimento de sua língua, história, religião e cultura. Em 1959 criou o Instituto Tibetano de Artes Dramáticas; o Instituto Central de Altos Estudos Tibetanos se transformou em uma universidade para os tibetanos na Índia. Sua Santidade inaugurou vários institutos culturais com o propósito de preservar as artes e ciências tibetanas, e ajudou a restabelecer mais de 200 monastérios para preservar a vasta obra de ensinamentos do budismo, a essência do espírito tibetano.


Pelo lado da política, em 1963 Sua Santidade apresentou o esboço de uma constituição democrática para o Tibet, baseada nos princípios budistas e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. A nova constituição democrática promulgada como resultado desta reforma foi denominada "Carta dos Tibetanos no Exílio". Essa carta defende a liberdade de expressão, crença, reunião e movimento. Oferece também detalhadas linhas de ação para o funcionamento do governo tibetano no que diz respeito aos que vivem no exílio.


Em 1992, Sua Santidade publicou linhas diretrizes para a constituição de um futuro Tibet livre. Anunciou que o a primeira e imediata tarefa do Tibet libertado será estabelecer um governo interino com a principal responsabilidade de eleger uma Assembléia Constituinte, para criar e implantar uma constituição democrática tibetana. Nesse dia, Sua Santidade transferirá toda a sua autoridade política e histórica para o Presidente interino, passando a viver como um cidadão comum. Ele também afirmou esperar que o Tibet, incluindo suas tradicionais três províncias (U-Tsang, Amdo e Kham), seja federativo e democrático.


Em maio de 1990, as reformas propostas por Sua Santidade deram ensejo à realização de uma administração verdadeiramente democrática para a comunidade tibetana no exílio. O Gabinete tibetano (Kashag), que até então sempre fora indicado por Sua Santidade, foi dissolvido, juntamente com a Décima Assembléia de Deputados do Povo Tibetano (o Parlamento tibetano no exílio). Nesse mesmo ano, tibetanos exilados no subcontinente indiano e em mais de 33 outros países elegeram 46 membros da ampliada 11ª Assembléia Tibetana, numa votação direta. A Assembléia, por sua vez, elegeu os novos membros do Gabinete. Em setembro de 2001, um passo ainda maior para a democratização foi dado quando o eleitorado tibetano elegeu diretamente o Kalon Tripa, ministério-mor do Gabinete, que por sua vez indicou seu próprio Gabinete, a ser aprovado pela Assembléia Tibetana. Na longa história do Tibet, essa foi a primeira vez que o povo elegeu seus líderes políticos.


Iniciativas pela paz


Em setembro de 1987, Sua Santidade propôs o Plano de Paz de Cinco Pontos para o Tibet, como um primeiro passo na direção de uma solução pacífica para a situação que rapidamente se deteriorava no país. Em sua visão, o Tibet se tornaria um santuário, uma zona de paz no coração da Ásia, em que todos os seres sencientes poderiam viver em harmonia, com o delicado equilíbrio ambiental preservado. A China, até o momento, não respondeu positivamente às várias propostas de paz criadas por Sua Santidade.


O Plano de Cinco Pontos


Em seu discurso aos membros do Congresso Americano em Washington, D.C., realizado em 21 de setembro de 1987, Sua Santidade propôs o seguinte plano de paz, composto por cinco pontos básicos:


Transformação de todo o Tibet em uma zona de paz.


Cessação da política chinesa de transferência de população, que ameaça a própria existência dos tibetanos como povo.


Respeito pelos direitos humanos fundamentais dos tibetanos, bem como de suas liberdades democráticas.


Restauração e proteção do ambiente natural tibetano, e o abandono do uso do território tibetano, pela China, para produção de armas nucleares e como depósito de lixo nuclear.


Início de negociações sérias sobre o futuro status do Tibet e das relações entre os povos chinês e tibetano.


Proposta de Estrasburgo


Discursando no Parlamento Europeu de Estrasburgo, na França, em 15 de junho de 1988, Sua Santidade detalhou minuciosamente o último dos Cinco Pontos desse plano de paz. Ele propôs o estabelecimento de conversações entre chineses e tibetanos para a criação de um governo autônomo das três províncias tibetanas, "em associação com a República Popular da China". O governo chinês continuaria sendo responsável pela política exterior e defesa do Tibet.


Para Sua Santidade, essa proposta era "o modo mais realista para se restabelecer uma identidade independente do Tibet e restituir os direitos fundamentais do povo tibetano, conciliando ao mesmo tempo os próprios interesses da China." Enfatizou por outro lado que "qualquer que seja o resultado das negociações com os chineses, o povo tibetano por si mesmo deve ser a autoridade decisória máxima."


Posteriormente, no entanto, em 2 de Setembro de 1991 (Dia da Democracia Tibetana), o Governo do Tibet no exílio declarou que a Proposta de Estrasburgo não estava mais em vigor: "Sua Santidade, o Dalai Lama, deixou bem claro, em sua declaração de 10 de março, que em razão da atitude fechada e negativa da atual liderança chinesa, percebeu que seu compromisso pessoal com as idéias expressas na proposta de Estrasburgo tornou-se sem efeito, e que se não houver novas iniciativas por parte dos Chineses ele se considerará livre de qualquer obrigação com relação a essa proposta. Entretanto, continua firmemente compromissado no caminho da não violência e em encontrar uma solução para a questão tibetana através de negociações e entendimentos. Sob as atuais circunstâncias, Sua Santidade, o Dalai Lama, não mais se sente obrigado ou limitado a manter a Proposta de Estraburgo como uma base para encontrar uma solução pacífica para o problema tibetano."


Contatos Oriente-Ocidente
Desde 1967, Sua Santidade iniciou uma série de viagens que o levaram a 42 países. Em fevereiro de 1990, foi convidado pelo Presidente Vaclav Havel para ir à Tchecoslováquia, onde divulgaram uma declaração conjunta incitando "todos os políticos a desvencilharem-se de restrições e interesses de grupos públicos ou privados e a guiarem suas mentes por sua própria consciência, sentimento e responsabilidade, fundamentados na verdade e na justiça."

Em 1991, encontrou-se com o Presidente dos Estados Unidos da América, George Bush, Neill Kinnock, o lider britânico de opsição, os ministros das Relações Exteriores da França e da Suíça, o Chanceler e Presidente da Áustria, e vários outros membros de governo estrangeiros. Em reuniões com líderes políticos, religiosos, culturais e comerciais, como também em grandes platéias em universidades, igrejas ou centros comunitários, falou de sua crença na união da família humana e da necessidade do desenvolvimento de um senso de responsabilidade universal.

Sua Santidade disse: "Vivemos atualmente em um mundo interdependente. Os problemas de uma Nação não podem ser solucionados muito tempo somente por ela mesma. Sem um senso de responsabilidade universal, nossa sobrevivência está em perigo. Basicamente, responsabilidade universal significa sentir pelo sofrimento de outras pessoas o mesmo que sentimos pelo nosso próprio sofrimento. Eu sempre acreditei num melhor entendimento, numa cooperação mais próxima e num respeito maior entre as várias Nações do mundo. Além disso, sinto que o amor e a compaixão são a tessitura moral para chegar à paz mundial."
Sua Santidade encontrou-se no Vaticano com os papas Paulo VI (em 1973) e João Paulo II (em 1980, 1982, 1986, 1988 e 1990).
Em um encontro com a imprensa em Roma, em 1980, expressou deste modo seu desejo de se encontrar com o Papa João Paulo II: "Vivemos em um período de grandes crises, de desenvolvimentos mundiais turbulentos. Não é possível encontrar paz na alma sem segurança e harmonia entre os povos. Por esta razão, espero ansiosamente por um encontro com o Santo Padre, para trocar idéias e sentimentos, e para ouvir suas sugestões sobre os caminhos para uma pacificação progressiva entre os povos."
Em 1981, Sua Santidade conversou com o Arcebispo de Canterbury, Dr. Robert Runcie, e com outros líderes da Igreja Anglicana em Londres. Ele também se encontrou com lideranças da Igreja Católica e comunidades judaicas, e pronunciou-se em um serviço interreligioso promovido em sua honra pelo Congresso Mundial da Fé. Em Outubro de 1989, durante um diálogo realizado em Dharamsala contando com a presença de oito rabinos e acadêmicos dos Estados Unidos, Sua Santidade enfatizou: "Quando nos tornamos refugiados, sabemos que nossa luta não seria fácil; ela levará muito tempo, gerações. Com freqüência nos referimos ao povo judeu e à forma como ele manteve sua identidade e fé a despeito de tamanha privação e sofrimento. Quando as condições externas amadureceram, ele estava prontos para reconstruir sua nação. Assim, pode-se concluir que há muitas coisas a aprender com os irmãos e irmãs judeus."
Em outro fórum sobre a comunhão de fé e a necessidade de união entre as diferentes religiões, ele afirmou: "Sempre acreditei que é muito melhor termos uma série de religiões e várias filosofias, do que uma única religião ou filosofia. Isto é necessário por causa das disposições mentais diferentes de cada ser humano. Cada religião possui certas idéias ou técnicas características, e aprender sobre elas só pode enriquecer a fé de alguém."
Reconhecimento universal e prêmios
Desde sua primeira visita ao ocidente, em 1973, a reputação de Sua Santidade como acadêmico e homem de paz só fez crescer, incessantemente. Nos últimos anos, um grande número de universidades e instituições em todos o mundo têm lhe conferido Prêmios da Paz e títulos de Doutor Honoris Causa, em reconhecimento pelos seus escritos sobre a filosofia budista e sua liderança a serviço da liberdade, da paz e da não-violência. Um desse títulos, o de Doutor, foi conferido pela Universidade de Seattle, em Washington, EUA.
O seguinte resumo da menção dessa Universidade reflete a estatura de Sua Santidade: "No reino da mente e espírito, o senhor se distinguiu na rigorosa tradição das universidades budistas, alcançando o Grau de Doutor com as mais altas honras, com a idade de 25 anos. No âmbito de assuntos diplomáticos e governamentais, não obstante, o senhor encontrou tempo para lecionar e registrou de forma escrita seus sutis insights sobre filosofia e o significado da vida contemplativa no mundo moderno. Seus livros representam uma contribuição significativa não somente para o vasto corpo de literatura budista, mas também para o diálogo ecumênico entre as grandes religiões mundiais. Sua própria dedicação à vida monástica e contemplativa tem alcançado a admiração não somente por parte dos budistas, mas também dos meditadores cristãos, incluindo o monge Thomas Merton, cuja amizade e conversações com o senhor eram extremamente férteis."
Ao apresentar o Prêmio de Direitos Humanos Congressional Raoul Wallenberg em 1989, o Congressista Americano Tom Lantos disse: "A luta corajosa de Sua Santidade o Dalai Lama o tem distinguido como um líder dos direitos humanos e da paz mundial. Seus esforços contínuos para cessar o sofrimento do povo tibetano através de negociações pacíficas e reconciliação têm exigido dele enorme coragem e sacrifício."
O Prêmio Nobel da Paz de 1989
A decisão do Comitê Norueguês do Prêmio Nobel de conferir à Sua Santidade o Prêmio da Paz ganhou reconhecimento e aplauso mundial. A citação diz: "O Comitê deseja enfatizar o fato de que o Dalai Lama, em sua luta para a liberação do Tibet, constantemente se opõe ao uso da violência. Ele, em vez disto, advoga soluções pacíficas baseadas na tolerância e respeito mútuos para a preservação da herança cultural e histórica de seu povo. O Dalai Lama desenvolveu sua filosofia de paz com uma grande reverência por todas as coisas vivas, e um conceito de responsabilidade universal que envolve toda a humanidade e também a natureza. Na opinião do Comitê, o Dalai Lama vem se conduzindo com propostas construtivas e visionárias para a solução de conflitos internacionais, questões de direitos humanos e problemas ambientais globais."
Em 10 de Dezembro de 1989, Sua Santidade aceitou o prêmio em nome de todos os oprimidos no mundo e daqueles que lutam pela liberdade e trabalham pela paz mundial e pleo povo do Tibet. Em suas considerações, disse: "O prêmio reafirma a nossa convicção de que com a verdade, coragem e determinação como nossas armas, o Tibet será libertado. Nossa luta deve permanecer sem violência e livre de ódio."
Ele também enviou uma mensagem de encorajamento pelo movimento democrático chinês, cuja recente manifestação na Praça da Paz Celestial havia sido alvo de brutal repressão. "Na China, o movimento popular pela democracia foi subjugado pela força bruta, em junho deste ano. Não acredito que as manifestações foram em vão, porque o espírito de liberdade renasceu no povo chinês, e a China não pode escapar do impacto desse espírito, que sopra em muitas partes do mundo. Os corajosos estudantes e seus defensores mostraram à liderança chinesa e ao mundo a face humana daquela grande nação."
Simplesmente um monge budista
Sua Santidade o Dalai Lama freqüentemente diz: "Eu sou simplesmente um monge budista — nem mais nem menos." Ele realmente segue os preceitos da vida de um monge. Vivendo em uma pequena cabana em Dharamsala, levanta-se todos os dias às 4 horas da manhã para meditar, e cumpre uma atribulada agenda de encontros administrativos, audiências particulares, ensinamentos e cerimônias religiosas. Conclui o dia, sempre, com orações. Ao revelar as suas maiores fontes de inspiração, ele normalmente cita seus versos favoritos, encontrados nos escritos do reconhecido santo budista Shantideva:
Enquanto o espaço existir,enquanto seres humanos permanecerem,devo eu também permanecerpara dissipar a miséria do mundo.
(Traduzido por Fátima Ricco Lamac e revisado por Arnaldo Bassolli.)




sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Mccain, o candidato republicano.

Nas palavras de Mccain, estas são algumas das propostas do candidato republicano à presidência dos EUA. Com a suspensão da candidatura de Mitt Romney, é quase inevitável ver Mccain a discutir as suas ideias para o futuro da América com Obama ou Clinton em Novembro de 2008.
America faces a dangerous, relentless enemy in the War against Islamic Extremists - We face an enemy that has repeatedly attacked us and remains committed to killing Americans and the destruction of our values. This election is about who is best prepared to lead and defend our nation and its global allies as Commander-in-Chief from day one. This election is about making sure we have the experienced leadership to guide us to victory in this war, protect the nation against future terrorist attacks, and support our troops and first responders who are on the frontlines of the war. This election will decide whether we choose to fight or announce surrender. It will decide whether we have a president who dangerously weakens U.S. security or strengthens it; whether we will flinch and retreat or fully engage the enemy on multiple fronts. We need decisive leadership with the vision and experience to guide our country and the world through this challenge. Having a courageous Commander-in-Chief who is willing to lead us in this war, rally our democratic allies and defeat our enemy to secure a broader peace is what's at stake in this election.
America is at an Economic Crossroads - Government spending is out-of-control. A Democrat elected President will join hands with a tax-and-spend Democratic Congress and subject Americans to enormous tax increases. Even now, the tax code is too complex and too burdensome. Social Security, Medicare and Medicaid - the government's promises to seniors and those in need - must be modernized. Too many American workers are unprepared by non-performing schools and shackled by outdated government employment assistance programs. America needs experienced leadership to guide the U.S. economy to greater prosperity, control government spending, keep taxes low, save Social Security and protect the American worker. Americans want a leader willing to offer straight talk and make the hard calls necessary to ensure a brighter future for our children and grandchildren. The long-term strength of our economy and financial stability of American households are what's at stake in this election.
Americans have lost faith and trust in their government - Americans have lost trust that their government and its elected officials will serve the Nation's interest and not their own. Special interests have too much influence in Washington. Americans want a courageous leader who will stand up to the trial lawyers and labor bosses and other special interests, govern by principle rather than political expedience, keep their promises, and solve problems instead of leaving them for our children. Restoring Americans' confidence in their government is what's at stake in this election.
Americans want judges who will strictly interpret the law and not legislate from the bench - The next president will appoint many federal judges and perhaps even a Supreme Court justice. The recent victory on partial birth abortion is an example of how important the Supreme Court is in protecting our values and interpreting the law as it is written. America needs a president who will provide strong moral leadership. A Democrat president will appoint judges who make law with disregard for the will of the people, but to the cheers of those advancing a liberal social agenda. America needs a leader who recognizes that that the people and states should decide what's best, not the courts. The future of the U.S. Supreme Court is what's at stake in this election.
What are the Bold Solutions?
Winning the War Against Islamic Extremists. Radical Islamic extremists are a relentless threat to America, its citizens, and the values we share. In the words of the al Qaeda leadership, Iraq is the central battleground of this war. We face a fork in the road. John McCain will pursue our opportunity for victory in Iraq, strengthen our hand in the larger war against Islamic extremists, and make our nation more secure. Democrats will fold our tents, embolden our enemies, throw the region into instability, and increase the risks faced on our home soil. To concede defeat now would strengthen al Qaeda, empower Iran and other hostile powers in the Middle East, unleash a full scale civil war in Iraq that could lead to genocide, and destabilize the entire region as neighboring powers come to the aid of their favored factions. John McCain is best prepared to lead and defend our nation and its global allies as Commander-in-Chief from day one. He has the experience and leadership to defeat our enemy and secure a broader peace.
Reforming Health Care for All Americans. Real reform will put families in the driver's seat of our health care system. The road to reform does not lead through Washington and a hugely expensive, bureaucratic, government-controlled system. John McCain will harness competition to offer more affordable insurance options for as many Americans as possible, leveraging the innovation and cost-effectiveness of our nation's firms to put an end to existing rigid, unfriendly bureaucracies. He will build a national market where insurance is more available, portable, and accessible across state lines; in which patients' rights are respected and their information under their control; and one in which people may save more in tax-exempt Health Savings Accounts. He will assist those who need help in getting private insurance.
John McCain will provide incentives for a national market - including the reimportation of pharmaceuticals - that offer greater transparency about effective patient care, options for preventative care and therapies, and prices so that competition makes it easier for families to navigate toward quality and low cost. He will demand reform to medical malpractice laws to curb abusive lawsuits that squeeze doctors, prevent innovation, and drive up the cost of health care. We need more transparency of prices and quality measures so that patients can make informed choices.
Reforming Government. Americans have lost trust that their government and its elected officials will serve the Nation's interest and not their own. Special interests have too much influence in Washington. John McCain will bring spending under control, veto wasteful, pork-barrel spending bills every time, and keep taxes low. He will reform a tax code that is too complex and too burdensome. John McCain will modernize Social Security, Medicare and Medicaid. He will bring accountability, choice and competition to underperforming schools, so our children are equipped to take the best jobs of the 21st century. John McCain is the only leader willing to make the hard calls necessary to restore faith in our government and build a brighter future for our children and grandchildren.
John McCain in Courageous Service, Experienced Leadership, Bold Solutions.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

SIPRI Yearbook 2007





Boas,

Já saiu o relatório Yearbook referente a 2007 do SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute). Interessante para os alunos de R.I.

site do SIPRI: http://www.sipri.org/
site do yearbook: http://yearbook2007.sipri.org/
Download em PDF do relatório: yearbook2007.sipri.org/mini/yb07mini.pdf/download

Cumprimentos a todos


domingo, janeiro 27, 2008

E a Birmânia?



Depois da violenta acção repressiva do regime militar ditatorial no governo do Myanmar e apesar da sociedade cívil birmanesa ter demonstrado ser pro-democracia, a comunidade internacional em geral, a ONU, os EUA e a UE, defensores da democracia e dos direitos humanos, não agiram para além das sanções económicas de impacto reduzido. Parece assim terem deixado este problema humanitário esquecido, também deixou de fazer parte da agenda sensacionalista dos media. A Birmânia para além de ter uma posição geoestratégica importante, é detentora de vastos recursos naturais. Será que hoje a necessidade de recursos energéticos se impõe aos problemas humanitários?

segunda-feira, janeiro 14, 2008

World Economic Situation and Prospects 2008

Quarta, 09 de Janeiro de 2008
ONU considera haver risco de um agravamento da recessão mundial
A economia mundial enfrenta graves dificuldades no que se refere a manter o forte crescimento económico dos últimos anos, diz a ONU, no seu relatório World Economic Situation and Prospects 2008 , divulgado hoje, em Nova Iorque.

Basicamente, a ONU prevê que o crescimento económico mundial siga a tendência decrescente dos últimos anos, diminuindo para 3,4% este ano, em comparação com 3,9% em 2006 e 3,7% em 2007.

Mas existe actualmente o perigo nítido de a economia mundial parar de crescer. Na segunda metade de 2007, a quebra registada no mercado imobiliário americano e a crise do crédito que começa a desenhar-se geraram incerteza nos mercados financeiros mundiais. Esta situação, aliada à quebra do dólar e ao facto de o problema dos grandes desequilíbrios mundiais continuar por resolver, pode contribuir para fazer baixar ainda mais a produção mundial. Para que isto não aconteça, a ONU aconselha uma acção política concertada a nível internacional, a fim de corrigir os desequilíbrios mundiais e serenar os mercados monetários.

Durante 2007, registou-se um crescimento económico mundial robusto e bastante geral. Mais de cem economias atingiram um crescimento da produção per capita de 3% ou mais. O crescimento dos países em desenvolvimento foi, em média, de 7%. Em África, o crescimento económico em 2007 aumentou para quase 6%, um acréscimo extraordinário, e prevê-se que, em 2008, este ritmo de crescimento acelere, ultrapassando os 6%.

No entanto, pode haver uma inversão deste êxito económico. A principal incerteza em relação a 2008 provém actualmente da economia americana. Um novo abrandamento da maior economia do mundo terá graves repercussões para os países pobres, pois irá fazer abrandar o comércio mundial e pôr termo ao aumento dos preços dos produtos de base de que esses países beneficiaram nos últimos anos.

A actual crise do mercado imobiliário nos Estados Unidos agravou-se durante o terceiro trimestre de 2007 com o colapso dos empréstimos hipotecários de alto risco (subprime), desencadeando uma crise do crédito em grande escala cujos efeitos se fizeram sentir em todo o sistema financeiro mundial.

Os bancos centrais das principais economias adoptaram várias medidas para atenuar a situação de stress financeiro. Mas estas medidas não visam as causas profundas, que são os enormes desequilíbrios entre os países com excedentes financeiros, tais como a China, o Japão e os grandes produtores de petróleo, e os países deficitários, especialmente os Estados Unidos. Há que corrigir estes desequilíbrios, adverte a ONU, através de estímulos económicos nos países excedentários destinados a compensar os efeitos da contracção da procura nos Estados Unidos.
A instabilidade financeira gerada pelos mercados americanos do crédito hipotecário de alto risco está a ter efeitos indirectos significativos nos principais países europeus e, em menor medida, no Japão e noutras economias desenvolvidas. Os economistas das Nações Unidas consideram que as perspectivas de crescimento destes países em 2008 são menores, um sinal de que as outras grandes economias desenvolvidas ainda não são suficientemente fortes para substituir os Estados Unidos como motor do crescimento mundial.

Tendência para um forte crescimento no mundo em desenvolvimento 2008 poderá ser o quarto ano sucessivo em que o crescimento das economias em desenvolvimento atingirá um valor médio de 7%. A procura forte tem gerado postos de trabalho e reduzido o desemprego na maioria dos países, ainda que a um ritmo inferior ao do crescimento económico mundial e, em grande parte de África, onde a criação de emprego continua a ser lenta, a um ritmo inferior ao do crescimento da população. A inflação tem sido moderada, exceptuando-se alguns países menos avançados onde se têm registado grandes aumentos dos preços dos produtos de base.

À medida que o seu peso na economia mundial vai aumentando, pode pensar-se que o grupo dos países em desenvolvimento está a dominar o jogo em termos económicos. A parcela do comércio mundial que corresponde às economias em desenvolvimento e em transição aumentou de 35% em 2000 para mais de 40% em 2007. As razões de troca da maioria dos países exportadores de mercadorias primárias melhoraram pelo quinto ano consecutivo em 2007, enquanto os custos de financiamento externo das economias de mercados emergentes permanecem baixos. Muitas economias de mercado emergentes têm sido inundadas por investimentos em participações devido às suas taxas de crescimento mais elevadas e – numa extraordinária inversão de papéis – a uma aparente segurança relativa em comparação com o elevado grau de incerteza que reina nos mercados financeiros dos países desenvolvidos.
O crescimento económico impulsionado pelas exportações permitiu que os países em desenvolvimento acumulassem mais de 3 biliões de dólares em reservas de divisas estrangeiras, o que corresponde a três quartos do total mundial. Estas reservas podem servir para amortecer eventuais choques adversos, mas também representam um desafio para a gestão económica das economias em causa ao evitarem uma forte valorização das moedas. Ao serem investidas em valores expressos em dólares, as reservas monetárias substanciais acumuladas pelos países em desenvolvimento passam a fazer parte do problema dos grandes desequilíbrios mundiais, já que estes países funcionam como financiadores do défice externo dos Estados Unidos. Uma maior depreciação do dólar provocará a erosão do valor das reservas desta moeda, e a diversificação noutras moedas poderá precipitar uma quebra ainda mais acentuada do valor do dólar.

Existem outros indícios de que 2008 poderá ser um ano muito difícil para o mundo em desenvolvimento em termos económicos.

O abrandamento da economia americana e de outras economias desenvolvidas funcionará como um travão em relação à subida dos preços dos produtos de base, que tem impulsionado o crescimento dos países em desenvolvimento. Esse abrandamento afectará o comércio mundial, que em 2007 já começou a diminuir depois de ter apresentado taxas de crescimento relativamente elevadas em 2004 e 2006. Um outro aspecto que se tornou evidente em 2007 foi a maior volatilidade dos fluxos de investimentos – e as economias de mercado emergentes já têm experiência de grandes surtos de expansão do investimento seguidos de quebras bruscas.

Cenário pessimista Atendendo a que os preços da habitação ajustados à inflação aumentaram aproximadamente 90% nos Estados Unidos na década até 2006, existe uma margem considerável para um ajustamento desses preços no sentido da baixa, dizem os economistas americanos. O risco é agravado pelo endividamento das famílias, que aumentou em flecha nos Estados Unidos, nos últimos anos. Uma diminuição de 15% dos preços da habitação iria provavelmente afectar a procura pelos consumidores e reduzir o crescimento dos EUA em 2%, fazendo praticamente parar o crescimento da economia americana em 2008.

As economias do Japão e da Europa Ocidental, que já estão a funcionar a um nível de produção próximo do seu potencial, não estão em posição de suportar este abrandamento. É manifesto que o comércio tem um papel cada vez mais importante no crescimento económico mundial, e as exportações já correspondem, em média, a 40% do PIB de todas as economias fora dos EUA. O efeito de dominó de uma recessão nos Estados Unidos seria uma quebra do crescimento das exportações da China, Europa e Japão, o que, por sua vez, reduziria a sua procura de exportações dos países em desenvolvimento.

A crise da habitação nos EUA e noutros países desenvolvidos está organicamente ligada aos desequilíbrios financeiros mundiais que surgiram nos últimos dez anos. Um aspecto significativo apontado pela ONU é que a maioria das economias em que se registou um aumento substancial dos preços da habitação também sofreram um agravamento do défice da balança de transacções correntes.

A dívida externa americana atingiu aproximadamente 3 biliões de dólares em 2007, e começa a considerar-se que o endividamento dos Estados Unidos se está a aproximar de um nível insustentável. O risco de uma correcção desordenada dos desequilíbrios mundiais tornou-se talvez maior, observa a ONU, dada a espiral descendente do mercado da habitação nos Estados Unidos e a derrocada do mercado do crédito hipotecário de alto risco daí decorrente. Uma "aterragem dura" do dólar fará diminuir ainda mais a procura americana de produtos no resto do mundo, reduzindo as exportações dos países em desenvolvimento e afectando o nível de vida das famílias americanas.

São necessárias acções políticas concertadas Embora o realinhamento das taxas de câmbio seja um dos ingredientes da correcção dos desequilíbrios mundiais, a ONU adverte, não pela primeira vez (ver World Economic Situation and Prospects 2006 e 2007), que recorrer exclusivamente ao ajustamento das taxas de câmbio envolve o risco de perda de confiança no dólar e de uma corrida a esta moeda, o que precipitará a sua queda.

A fim de evitar a instabilidade financeira e salvaguardar os progressos ao nível do desenvolvimento conseguidos nos últimos anos, a ONU considera preferível enveredar pela via da acção política coordenada.

Em circunstâncias mais normais, o actual abrandamento da economia americana poderia ser corrigido através das reduções das taxas de juro introduzidas para estimular a economia. Mas, no contexto actual, isso poderá precipitar uma depreciação e perda de confiança maiores no dólar. Seria mais seguro e mais útil estimular a economia através de um reforço da procura nos países com poupanças substanciais e grandes excedentes da balança de transacções correntes, tais como a China, o Japão e os países exportadores de petróleo. Na China, isso poderá conseguir-se através da intensificação do investimento e dos gastos públicos nos sectores da saúde, educação e segurança social. Na Europa e no Japão, as reduzidas pressões inflacionistas justificam que se ponha termo às restrições monetárias e se assuma uma posição neutra ou moderadamente estimuladora.

Para além de medidas coordenadas de estimulação, os governos devem tomar medidas concertadas no sentido de evitar o descalabro do dólar, já que uma descida rápida e desordenada poderá provocar uma recessão, tal como já se referiu. A acção internacional deve incluir um realinhamento concertado das taxas de câmbio, o que contribuirá para uma "aterragem suave", permitindo evitar uma "aterragem dura".

O risco de uma aterragem dura é agravado pela própria natureza do sistema de reserva mundial, que utiliza a moeda nacional dos Estados Unidos como principal moeda de reserva e instrumento do sistema de pagamentos internacionais. Com um sistema deste tipo, a única maneira de o resto do mundo acumular activos e reservas expressas em dólares consiste em os Estados Unidos manterem um défice externo.

Com o decorrer do tempo, será possível conseguir uma maior estabilidade através de um sistema de reserva de múltiplas moedas com apoio oficial. Um sistema financeiro multilateral bem concebido deverá criar condições equitativas para todas as partes e evitar a concorrência desleal e assimetrias no que se refere à repartição dos encargos decorrentes dos ajustamentos cambiais. Seria igualmente útil reforçar a estabilidade do sistema financeiro internacional, reduzindo a probabilidade de um cenário de crise em que uma fuga de capitais da principal moeda de reserva poderia ter repercussões profundas em toda a economia mundial.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

"sunday, bloody sunday"?

A administração Bush prepara-se para deixar a Casa Branca no final de 2008. Numa altura em que se prevê uma vitória dos democratas nestas eleições (os democratas em 2006, ganharam a maioria no congresso), será também altura de fazer balanços. De facto, seria sensato não entrar no cliché da crítica gratuita à administração Bush. Esta presidência passou por um dos momentos mais negros da história americana, o 11 de Setembro. Embora tivesse embarcado em dois conflitos militares com consequências graves para os EUA e o sistema internacional, o resultado das intervenções no Afeganistão e no Iraque só poderá ser correctamente analisado, depois de ambos os países estabilizarem as suas instituições políticas e conflitos internos.

Randall Hoven faz um balanço da Presidência Bush:

Why are Republicans so depressed? President Bush's two-term presidency enters its last year in pretty good shape and with a lot better record than pundits would have us believe. The Democrats took Congress in 2006, but they appear to have blown their chance, with approval ratings at historical lows. The Republican presidential candidates are solid, especially compared to the Democrats. President Bush has built the foundation of what could be a Republican dynasty for another American Century. The greatest threat to that prospect has nothing to do with the Vast Left Wing Conspiracy. The Republicans have nothing to fear but a discouraged Republican base.

The Economic Track Record

Let me start not with the Bush presidency, but with the Clinton presidency. Bill Clinton inherited peace and prosperity on a platter, handed to him by Ronald Reagan and George H. W. Bush. On the foreign front, the Cold War with its threat of nuclear annihilation was recently over, with the victory going to the West led by the U.S. The fourth largest armed force at the time, the outlaw regime of Saddam Hussein, had just been defeated in short order by the U.S. coalition. All Clinton had to do was keep Saddam in his box. All the large fires had been put out, with just a few smoldering embers needing attendance here and there.

On the domestic front, the economy had been on a strong growth streak since the Reagan tax cuts. The savings and loan crisis caused a minor setback, with a short eight-month recession that ended in March 1991, almost two years before Clinton would sit in the Oval Office. By the time Clinton took office, the economy had been on a 10-year growth streak that averaged 3.3% annually and was in fact bouncing back from that minor recession, leading into 4% growth by 1994. The stock market followed a similar trajectory: exponential growth continuing from the beginning of Reagan's term.I give that background to contrast to the situation President Clinton left President George W. Bush. The Dow Jones Industrial Average reached its pre-Bush peak on January 14, 2000, more than a full year before Bush sat in the Oval Office. In 2000, before Bush even took office, the Dow declined over 6% and was continuing its downward trend. The federal budget through September 2001 was signed by President Clinton. The eight-month recession officially started in March 2001, just two months after President Bush was sworn in, and in the heart of the last fiscal year under a Clinton budget.

Clinton received a strong and growing economy from Bush I, and left an anemic and shrinking one for Bush II.

With the Cold War won and Saddam Hussein defeated, the world remained essentially at peace as Bill Clinton danced with Hillary and the Gores at his inauguration. If you ignore, as President Clinton did, the millions who were killed in the Congo, Sudan, Rwanda, North Korea and elsewhere around the world, as well as the terrorist attacks on the World Trade Center, at U.S. embassies and on the USS Cole, the next eight years were also relatively peaceful - if you also ignore Somalia and Yugoslavia.

In this second humanitarian mission to Somalia (not to be confused with the first one, under Bush I, previously completed successfully and without U.S. fatalities), 18 U.S. Special Ops forces were killed, with one being dragged through the streets of Mogadishu and shown on TV throughout the world. The subsequent pullout was cited by Osama bin Laden as proof that the U.S. would back down under pressure, and emboldened him to support al Qaeda attacks on the U.S. In fact, the plan for the big attack on U.S. soil was hatched around 1996 and in operation for five years prior to its final execution on September 11, 2001, or less than eight months after Bush took office.

So Bush II entered the White House in January 2001, with a stock market and economy on the decline and the jihadi movement on the ascendance (and keyboards with their "W" keys removed). Within just two months, the economy would be officially in recession. Within eight months the U.S. would suffer its greatest attack on U.S. soil ever.
That was how George W. Bush was welcomed to his office.

So how did he do after that?

His first budget took effect October 1, 2001.
The recession that started in March officially ended eight months later in November 2001, or one month after his first budget was in effect and just two months after the 911 attacks.
Real GDP grew by 3.9% from 2003 to 2004, and would continue annual growth greater than 3% since.

Unemployment peaked in 2003 at just 6%, below what it was in Clinton's first two years. Throughout 2006-7, unemployment remained below 5%, considered a full-employment level.
Gross federal debt now stands at about 65% of GDP, higher than it was in 2000, but about what it was from 1993-97.

The stock market started recovering about a year after 911, reaching its post-2000 low on October 9, 2002. It would later reach an all-time high. Today it is about 75% above its 2002 low, and still higher than it ever was before Bush became President.
In short, after absorbing the one-two punch of an inherited recession and the 911 attacks, the U.S. economy under President Bush was back on track shortly after and has been going strong ever since.

The War on Terror

On the foreign front, President Bush almost immediately eliminated al Qaeda's sanctuary in Afghanistan, driving the al Qaeda leadership into caves and bringing democracy to a country devastated by years of war, Soviet Communism and the ruthless Taliban.

The bigger threat was that terrorists would graduate from box-cutters to weapons of mass destruction. Countries that showed the highest likelihood of a nexus between WMD and terrorism, namely Pakistan, Iraq, and Libya, were immediately dealt with: Pakistan by diplomacy, Iraq by forcible regime change, and Libya by a combination of diplomacy and the example of Iraq.

Let's talk about Iraq for a moment. Yes, we failed to find huge stockpiles of ready-to-use modern WMD. But we did find WMD; in fact we found over 500 of them. The Duelfer Report admits "we cannot express a firm view on the possibility that WMD elements were relocated out of Iraq prior to the war."

"Moreover, many location associated with the previous WMD programs and sites under monitoring by the United Nations have been completely looted. In fact, the sites that fill the database of monitored locations are radically different postwar. Equipment and material in the majority of locations have been removed or ruined. Often there is nothing but a concrete slab at locations where once stood plants or laboratories."

These "looters" were not random Iraqi citizens looking for copper piping they could sell. They were, in all likelihood, Saddam loyalists executing their "Plan B": get rid of the evidence of WMD, move the top baathist command out of country and mount a decentralized insurgency.But no matter about finding WMD, the Duelfer report tells us that Saddam had the capability and every intention of reconstituting his WMD programs as soon as he could, which would have happened sooner rather than later with his Oil For Food bribery schemes.
There is also no doubt that Saddam had terrorist connections. The only questions were how strong were those connections to al Qaeda specifically, and to the 911 attacks even more specifically. That is a long subject, but suffice it to say that US Judge Harold Baer ruled that Saddam's regime was, in fact, partly responsible for the 911 attacks. Judge Baer was appointed by President Clinton. Expert testimony from Clinton's former CIA director James Woolsey supported the contention that "Iraq helped train al-Qaeda terrorists, and provided them with safe houses and forged documents."

As for the conduct of the war, Saddam's regime was removed in just a few months. He was captured, tried by the new Iraqi government, and executed. His psychopathic sons and heirs were killed in an intense gun battle. Other countries like Israel and Saudi Arabia were not drawn into the war. Democratic elections in Iraq were held on three separate occasions, resulting in a coalition all-Iraqi government that drafted its own constitution and continues to function and be accepted more and more by Iraqis.

By our military adapting to insurgent tactics, it now appears that foreign influences by Iran and al Qaeda are being neutered, al Qaeda in Iraq is being defeated and the former Sunni and Shia insurgents are slowing coming into the fold, avoiding all out civil war. Both US Coalition and Iraqi casualty counts are down and oil production and infrastructure repair are up and on the mend.

It has taken almost five years and 3,190 U.S. combat fatalities to date to accomplish that. God bless those heroes. I hate to treat any death as a statistic, but the fatality count has been an ongoing subject in the media (at least before the surge, when the rate started declining). Here is a list of individual battles in World War II in which more than 3,190 servicemen were killed in action, limited to the Pacific theater and to the US Navy and Marines.

Invasion of Marianas
Return to the Philippines
Iwo Jima
Okinawa
Unspecified Pacific or Asiatic area.

I'm not sure how important the Marianas were to the defeat of Nazi Germany and Imperial Japan, but I think the removal of Saddam's regime and its replacement with a reasonably democratic government not hostile to the U.S. was pretty important to peace in this world and to U.S. security in particular. I do not view the deaths of our servicemen in Iraq as in vain. I thank God that there are still men and women willing to fight for our country, especially under such thankless conditions.

In the broad scheme of things, President Bush chose a moderate course against the radical jihadi movement, a movement that could potentially spiral out of control across dozens of countries with millions of Muslims ready to behead infidels, release a few WMD and install the new caliphate.

Bush is not trying to bomb anyone back to the stone age; he is trying to bring some semblance of democracy and self-government to the Middle East and Asia. He is not indiscriminate. He used measured force in Afghanistan and Iraq, but firm diplomacy in Pakistan, Libya, North Korea and elsewhere. His actions were not unilateral, "cowboy" or against international opinion. He formed a coalition of over 45 countries, including the United Kingdom and Australia, to remove Saddam's regime.

Regarding that international opinion, major roadblocks to getting UN approval for using force in Iraq came from France and Germany. Since then, those countries and Canada have elected pro-US leaders, while the original coalition remains largely intact. President Bush, counter to the picture painted by the media, has strengthened our standing in the international community.

Political Battles

With the war on terror, President Bush has handled a truly existential, but still simmering, crisis. In the meantime, he has also managed the day to day affairs of government. In the important area of Supreme Court appointments, Bush gave us John Roberts and Sam Alito. Our last two Democrat-appointed justices were Breyer and Ginsberg. What more needs saying?
With the Katrina crisis, the U.S. government carried out the most successful rescue and evacuation operation in history. While the media concentrated on bureaucratic snafus at FEMA, the military and Coast Guard were busy hoisting people off the roofs of their flooded homes to safety -- by the thousands. When a tsunami struck on the other side of the world killing hundreds of thousands, the US military was there first, and with the most aid. All this, by the way, while conducting combat operations in Afghanistan and Iraq.
All this was done under unrelenting pressure from Democrats, the media and international busy-bodies.

If a US Marine touched a Koran with an ungloved hand, the critics shrieked "torture", even if it would cause rioting and death in Muslim countries.
If a soldier shot at a house from which his unit was receiving fire, he might be court-martialed. And if he wasn't court-martialed, someone in his chain of command might be, for not court-martialing him.

Any news of unambiguously good economic data included the phrase "recession" in the headline.
Every night David Letterman's show features "Great Moments in Presidential Speeches" which tries to make Bush look stupid. (By the way, Bush has an IQ of about 128, which puts him smarter than about 95% of the population and in the league of Lincoln, Rousseau and Thackeray . He also has a degree from Yale and an MBA from Harvard.)
The mainstream media have lied about Bush, made up anti-Bush stories, misquoted him, and admitted anti-Bush bias.

While it is true that Republicans controlled both houses of Congress for four years of Bush's Presidency, there was a weak link. That weak link was the Senate. With all Democratic Senators marching in loyal party lockstep, the Democrats had two fairly easy ways to defeat any Republican proposal or appointment. First, all they needed was a very few Republican Senate votes. Chaffee, Snow, Collins, Specter or others would jump ship (just not as far a jump as Jeffords) on multiple occasions. Secondly, by abusing Senate rules of the filibuster, they could block almost anything by making sure no more than a handful of Democratic Senators weakened on a cloture vote.

President Bush's main fault was also a virtue. He concentrated on his job rather than his image. You rarely heard someone from the White House say the things I said above. With President Clinton there was a public relations war room ready to pounce on any little criticism. With President Bush, any war room was used to command an actual war.
Many conservatives and Republicans currently gripe about President Bush. OK, he cut taxes, strengthened defense, defeated the Taliban, removed Saddam Hussein's regime, and appointed Roberts and Alito to the Supreme Court. But he increased spending.

Yep, spending increased - all the way to about 20% of GDP, below what it was from 1975 through 1996. As for the deficit, it stands at about 1.8% of GDP, again below where it was through most of those same years, and a level considered quite manageable. If it turned into a surplus again, we'd be worrying about what to do with our temporary Social Security surplus.
President Bush was handed a terrible situation. He got us through the crises. The US now has a strong and resilient economy, al Qaeda is contained, Afghanistan and Iraq are roughly democratic and on the mend, our European and North American alliances are as strong as ever.

The Race Ahead

But enough about Bush; he'll be gone in a year anyway. Which brings us back to the elections of 2008. Politically, Republican wins theoretically are possible in either house of Congress, in the states, and the office of President. The US at the beginning of the 21st century is still the leader of the free world. One of only two parties will build on that -- or blow it, and they are about evenly matched politically right now. Although the Democratic Congress has an historically low approval rating right now, almost any erosion of the Republican base would throw the victory, and possibly much of the 21st century, to the Democrats.

Let's look briefly at the presidential candidates.

On the Democratic side, the top three are, or were, Senators -- and not very experienced ones at that. The top finisher in Iowa is still in his first term. The second finisher served all of one term. The third place finisher is in the middle of her second term. That's it as far as elective national politics is concerned: a grand total of just over three terms in the Senate, combined, for the top three Iowa finishers.

To get to any executive experience, you have to scroll down the list to Bill Richardson, current governor of New Mexico (population 2 million), and to Dennis Kucinich, who was the mayor of Cleveland from 1977 to 1979 (current population under half a million). Neither of these candidates has a ghost's chance of being elected President.

At the top of the Republican field are the Governor of Arkansas (population 2.8 million), the former governor of Massachusetts (population 6.4 million), and former mayor of New York City (population 8.2 million). John McCain, by himself, has more Senate experience that the top three Democrats combined - and he was a US Representative before that. Fred Thompson served longer in the Senate than any of the top three Democrats.

So much for experience, how about the issues? Don't bother. Despite all their plans and policies and campaign issue papers, the Democrat would help shepherd a Democratic agenda and a Republican would help shepherd a Republican one. And either one would be inhibited by Congress, the filibuster, and the courts, all roughly split down the middle for now.
Perhaps the real issue is about character. I propose the following thought experiment. Imagine your son is a US Marine. Imagine his outfit showing colors for the Commander In Chief just prior to its deployment to a jihadi viper pit overseas. Your son must salute that Commander In Chief. Here are the feasible choices of who your son could be saluting a year from now:

Hillary Clinton
Barack Obama
John Edwards
Mike Huckabee
Mitt Romney
John McCain
Rudy Giuliani
Fred Thompson

Just how important is a deficit of 1.8% of GDP as your son's finger tip reaches the brim of his cover?

by randall hoven

domingo, dezembro 30, 2007

Que Rússia temos hoje?

http://www.nytimes.com/packages/html/world/20071201_RUSSIA_FEATURE/index.html

Os 3 minutos do audio-slide show que se encontra no New York Times sobre a Rússia, resumem na perfeição a Rússia que temos hoje. A Rússia de hoje é a Rússia de Putin. E o que isso significa?

Uma autocracia musculada, um nacionalismo saudosista em relação ao passado soviético e um capitalismo selvagem.

A palavra que melhor se adapta ao fenómeno da Rússia de Putin é: "ressurgência". A Rússia será como sempre foi, um major player nas Relações Internacionais. O papel da Rússia na ordem internacional estará dependente não só da eficácia da NATO e da evolução do processo de integração da UE, mas também do tipo de relações que mantiver com outro país que "ressurge" há 50 anos: a Alemanha.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Benazir Bhutto, R.I.P. (by Francis Fukuyama)

I find myself greatly saddened by the news of Benazir Bhutto’s assassination. I met her for the first time when we took a class together on Middle Eastern Politics at Harvard, while she was still an undergraduate. I saw her twice since then, both occasions on visits to Dehli in December 2003 and then again last March.

The event in March was an India Today conclave where she, along with the Indian Prime Minister, Manmohan Singh, was a keynote speaker. She gave a real stemwinder of a speech, attacking Musharraf’s dictatorship for failing to crack down on al-Qaida and terrorism, and urging a return to democracy as the only way to deal with extremist Islam. She talked about wanting an open or “soft” border with India and broader economic cooperation between the two countries, and said that she was deeply embarrassed by the way that her country was associated with terrorism by the rest of the world. She said she wanted the United States to be consistent in its support for democracy, and to realize that its security interests were better served by a democratic government in Pakistan. After the dinner she called me over to her table and said she had read my latest book, and noted that the neocons wanted good things like democracy and human rights, and that it was important not to give up on those goals.
Benazir was a powerful speaker, and was most impressive handling questions. During the 2003 event the Indian audience was at times hostile, and at one point the former Chief of Staff of the Indian Army asked her point blank as to whether she had ever supported terrorism in Kashmir while she was Prime Minister. She swore that she had not, an assertion that met with skepticism by some of the Indians in the audience. But she was quite possibly telling the truth, since she as Prime Minister never fully controlled the Army or the Inter-Services Intelligence (ISI) organization that was responsible for many of the attacks there and in Afghanistan. During the March event the Indian audience was completely won over by her; my host noted how courageous she was to be giving that kind of speech in Dehli. She obviously made a lot of enemies in her campaign to return to Pakistan, and has now paid with her life.

There was justifiable skepticism as to whether Benazir Bhutto’s return to political life in Pakistan would really mean a return of democracy. She came from the same narrow elite as many of Pakistan’s democratic politicians, an elite whose corruption tainted democracy and paved the way for Musharraf’s takeover. I think though that she was ultimately right that both Pakistan and the war on terrorism would have been better served by a return to democracy. It is Musharraf who has been responsible for undermining Pakistan’s already weak rule of law, for failing to get control over ISI and the Northwest Frontier, and for destabilizing the country in his effort to hang on to power. But her murder, and the manner in which she was killed (at a campaign rally), now throws the whole political process into chaos. There will obviously be charges that Musharraf, if not complicit in her killing, failed to do enough to protect her. Who can emerge at this point as the country’s legitimate leader is anyone’s guess.

by Francis Fukuyama

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Líbia - Energia

Como poderão aperceber-se estou de volta com alguns artigos, para prazer de alguns e desprazer de muitos. O que me traz aqui hoje é um tema ao qual dedico "energia" e penso ser de extrema relevância e actualidade: ENERGIA.

Neste caso não tratarei o tema per si, mas sim em torno de um estado, a Líbia, que é um parceiro estratégico não só da UE como também de Portugal.


A Líbia está pronta para intensificar a sua exploração petrolífera entre empresas estrangeiras e a companhia petrolífera estatal NOC (National Oil Corporation), num esforço tendente à sua reentrada na comunidade internacional.

Tripoli está a tentar desenvolver uma estratégia de longo prazo para o desenvolvimento dos seus substanciais recursos de petróleo e de gás, no sentido de aumentar os rendimentos totais do sector e gerar um crescimento que possa ser usado na reestruturação da sua economia controlada, ainda em grande parte, pelo Estado.

O Governo líbio está interessado numa maior participação das companhias petrolíferas estrangeiras quanto ao desenvolvimento dos campos controlados pela NOC. A produção em muitos campos tem vindo a cair, em particular por causa da falta de tecnologia avançada de produção.

Os acordos de partilha da produção (PSAs – Production Sharing Agreements) podem ser concretizados com petrolíferas estrangeiras, concedendo efectivamente ao sector privado e ás companhias a propriedade das reservas em questão.

Muito tem sido feito ao longo dos últimos seis meses, relativamente aos problemas do sector petrolífero global. Embora a procura da China, da Índia, entre outros tenha aumentado, a falta de capacidade no que respeita à refinação é um grande factor para a subida dos preços do petróleo. Contudo, grande parte da nova produção petrolífera (aquela produzida durante os últimos dois anos), resume-se a matéria-prima pesada que é geralmente imprópria para o uso de muitas refinarias.

Uma das principais razões pelas quais a área de produção líbia provou ser tão bem sucedida é que a quota petrolífera líbia é constituída por light crude, que é altamente valioso, e assim sendo, muita da área de exploração líbia será altamente valorizada, particularmente por causa dos preços de produção reconhecidamente baixos, o que leva a crer que esta estratégia pode vir a ter grandes retornos.

Os projectos líbios que foram suspensos durante longos anos foram reiniciados, como se nota na indústria petrolífera que se começa a desenvolver.

Considerando a falta de capacidade, na América do Norte, no que à refinação diz respeito, as firmas dos Estados Unidos podem estar interessadas em tal proposta, sendo que as companhias petrolíferas norte-americanas já começaram a retomar as suas operações no país e as relações entre Washington e Tripoli continuam a melhorar. Os EUA foram aliviando gradualmente as sanções impostas desde que a Líbia anunciou que tinha abandonado qualquer desejo de desenvolver WMDs e convidadou inspectores para confirmar o termo dos seus alegados programas de WMD.

Não obstante, as empresas petrolíferas norte-americanas são pouco susceptíveis de se intimidarem com dúvidas que permanecem em Washington, sendo que biliões de dólares de investimento norte-americano, serão cada vez mais prováveis na Líbia, durante os próximos cinco anos. Ao mesmo tempo que procura expandir o seu próprio sector petrolífero, a Líbia usa a sua perícia na indústria, no sentido de vir a tornar-se no líder político e económico de todo o continente africano.

Embora seja improvável que os produtores petrolíferos africanos aceitem fornecer petróleo a baixos preços aos seus vizinhos menos afortunados, a projecção da subida da sua produção e o preço muito alto do petróleo poderá ajudar nas ambições da Líbia à liderança africana. Com um potencial deveras atraente, com a retirada de sanções e com os altos preços do petróleo, o futuro do sector petrolífero líbio parece de facto muito promissor.

Enquanto o investimento no sector petrolífero líbio tem crescido firmemente, o país quer agora tirar vantagens quanto às suas vastas reservas de gás no sentido de desenvolver o seu potencial de exportação, em particular para a Europa que se encontra muito próxima geograficamente.

Contudo, Tripoli anseia por atrair muito mais investimento no sector do gás. Os gasodutos com vista à exportação poderão finalmente ser mais rentáveis mas as abundantes reservas justificam um maior desenvolvimento e, nesse sentido, o Governo deve continuar a lançar uma série de autorizações com a intenção precisa de impulsionar o sector do gás. Após tantos anos de estagnação, Tripoli é desafiada a abrir tantas áreas de gás como o fez para a exploração petrolífera. Presentemente, a bacia de Sirte tem 80% das reservas de petróleo provadas do país e contabiliza cerca de 90% da produção. Assim as áreas de produção de outras bacias que foram recentemente abertas a concurso a fim de aumentar a produção confirmam que o país se encontra relativamente inexplorado.

Estes objectivos parecem realizáveis, dada a grande atracção, que se verifica actualmente, sobre concessões líbias e os custos muito baixos da produção de petróleo no país, mas muito dependerá dos termos de investimento da oferta, sendo que a concessão de alguns recursos a montante poderia ser realizada juntamente com o investimento a jusante nas refinarias de petróleo e gás.

Presentemente, o projecto ocidental de gás líbio (Western Libya Gas Project), que é partilhado pela companhia italiana Eni-Agip e pela NOC, é a base do sector de gás líbio. O gás é exportado para Europa através do gasoduto (Greenstream) que corre sob o mediterrâneo e sob a Sicília antes de continuar rumo ao continente, já na Itália.

O gás é actualmente vendido, sob a forma de negócios a longo prazo, aos consumidores italianos mas poderá mais tarde ser introduzido no mercado da UE, para suprir as necessidades energéticas de muitos países europeus.

A Argélia está actualmente a desenvolver dois novos gasodutos, para além do importante sector de gás natural liquefeito (LNG), para exportação para a União Europeia, que lhe dará quatro rotas em direcção ao enorme mercado europeu. Um outro gasoduto proposto para exportar o gás líbio será aquele para Espanha e dado que a rota prevista passará através da Argélia e de Marrocos, é possível que o mercado marroquino possa fornecer uma outra opção para as exportações líbias.

Consequentemente não existe nenhuma razão pela qual a Líbia não possa igualmente desenvolver gasodutos adicionais através do Mediterrâneo. As reservas provadas de gás da Líbia são muito substanciais o que torna inteiramente possível que consiga ultrapassar a Argélia dado o investimento adicional na exploração, que tem vindo a ser realizado.

O aumento da procura europeia relativamente ao gás certamente que proporciona um mercado convenientemente localizado para as exportações líbias. O crescimento económico e a prosperidade da Europa devem constituir um mercado em crescimento para o gás norte-africano para os próximos anos.

Os vários mercados de gás da UE oferecem uma oportunidade excelente para os produtores de gás na Líbia fixarem negócios a longo prazo para a exportação, mas o progresso não será directo ou mesmo automático.

Em primeiro lugar, a Líbia não é o único país que procura a região. Os produtores de LNG na Nigéria, na Argélia, no Egipto e em Trinidade e Tobago já têm acordos concretos postos em prática e outros serão ajustados no futuro. Existe igualmente muita competição relativamente aos fornecimentos de gás da Argélia, da Noruega e sobretudo do gigante russo a Gazprom.

Em segundo lugar, adicionais descobertas de gás líbio não serão garantidas por qualquer meio. Dado o tamanho das reservas provadas e do interesse difundido nas prospecções de petróleo e de gás, este facto não deverá constituir por si só um obstáculo.
Mas uma possível falha no que respeita à séria revisão da administração e burocracia líbias poderá constituir por si só mais que um problema. É necessário um processo de licenciamento equilibrado e transparente no sentido de dar aos investidores de todas as nacionalidades toda a confiança relativamente ao país.


não será preciso dizer para que se sintam á vontade para criticar, comentar.... o que seja, á vossa vontade!

Human movement: it's about taking care of people

Antonio Guterres
December 11, 2007
The ideal is for people not to have to move, and to care for them if they do.
THE 21st century will be defined by the movement of people from one country and continent to another. The number living outside their homeland already stands at 200 million, the same as the population of Brazil, the fifth largest country.
Looking to the future, it seems certain that the world will witness new and more complex patterns of displacement and migration.
Climate change and natural disasters will make life increasingly unsustainable in many parts of the planet. The growing gap between the winners and losers in the globalisation process will induce millions more to look for a future outside their own countries.
These developments have created a number of important challenges for the international community.
The first arises from the increasingly complex nature of human mobility. The majority of people on the move are migrants who leave their own country because they are unable to maintain their livelihoods at home and because their labour is needed elsewhere.
Others are forced to abandon their homes as a result of persecution and armed conflict. Under international law, these people are considered as refugees. They have been granted specific rights, including protection from being forced to return to their own country.
The responsibility of the United Nations High Commissioner for Refugees, the UN's refugee agency, is to uphold the rights of this latter group. In many parts of the world, however, refugees and migrants are to be found travelling alongside each other, heading in the same direction, using the same forms of transport and lacking the passports and visas that states require them to carry.
Such "irregular" movements have prompted many states to erect new barriers to the admission of foreign nationals. Regrettably, these measures have had the effect of preventing refugees from seeking the safety they need. We must therefore ensure that border controls enable people to exercise their right to seek and enjoy asylum in other states.
A second challenge is to provide more opportunities for people to move in a safe and legal manner.
Most states have now recognised the need for goods, services, capital and information to flow freely across national borders. But governments are apprehensive about applying the same principal to the movement of people.
The result has been a massive growth in the expansion of an industry whose purpose and profit lies in smuggling and trafficking people across international frontiers. As well as cracking down on such activities, states should consider opening new channels and expanding existing programs of legal migration.
The forces that are prompting many people to migrate are deeply entrenched within the international economy. It is an illusion to think that their numbers can be brought down in the present and dynamic phase of globalisation.
Greater efforts are therefore needed to prevent the emergence of situations in which people are forced to leave their homes as a result of human rights abuses, armed conflict or other calamities that disrupt their lives and livelihoods.
If this third challenge is to be tackled in an effective manner, serious efforts must be made to promote environmentally sensitive forms of development in countries where the struggle for survival threatens to lead to violence.
Above all, governments in every part of the world must be encouraged and supported to protect the lives and wellbeing of their citizens, thereby enabling them to live a peaceful and prosperous life in their own country.
When people move from one country to another, they should do so out of choice and not because it is the only way they can survive.

Antonio Guterres is the United Nations High Commissioner for Refugees.

APNU - Associação Portuguesa das Nações Unidas


A recém-criada APNU – Associação Portuguesa das Nações Unidas, é um projecto novo, que tem tido o apoio de todos os portugueses influentes que ocupam ou ocuparam lugares cimeiros nas Nações Unidas, nomeadamente, o Professor Freitas do Amaral, o Engenheiro António Guterres e a Professora Paula Escarameia, entre muitos outros.


Penso ser um projecto que vale a pena e que deve ser apoiado por todos nós.


Peço então a quem estiver interessado, que me contacte (luisalbogas@gmail.com) no sentido de ser enviada a ficha de inscrição.


Para fazer parte desta Associação, que é única em Portugal, basta enviar a ficha de inscrição devidamente preenchida para o fax n.º 21 793 12 28, ao cuidado da Dra. Mónica Ferro.


Sem mais assunto,

Cumprimentos


Luis Albogas

domingo, dezembro 02, 2007

Harvard World Mun 2008


Estão abertas as inscrições para integrar a delegação da Universidade Lusíada que irá participar no World MUN 2008, evento que terá lugar em Puebla, México em Março de 2006.

Os interessados em participar deverão inscrever-se no C.E.P.R.I. (Centro de Estudos Políticos e de Relações Internacionais) até o dia 10 de Dezembro.

As condições para participar são as seguintes:

- Ser aluno da Universidade Lusíada de Lisboa,
- Falar e escrever correctamente Inglês,
- Estar familiarizado com o Sistema das Nações Unidas e as demais Organizações Internacionais,
- Dar-se há prioridade aos alunos das licenciaturas de Relações
Internacionais e Ciência Política,
- Dar-se há prioridade aos alunos que tenham participado no
Portugal MUN 2006 e 2007.

Para a escolha dos participantes será tido em conta:

- os conhecimentos do candidato sobre o mundo das Nações Unidas e demais Organizações Internacionais representadas no World MUN 2006,
- os conhecimentos do candidato sobre a actualidade e os mais recentes acontecimentos relevantes ao evento.
- as capacidades de oratória e negociação do candidato,
- a capacidade de trabalho em equipa do candidato,
- o desempenho no Portugal MUN 2006 e 2007, se o candidato participou nos eventos.

Para solicitar a ficha de inscrição, qualquer informação ou esclarecimento de dúvidas é favor contactar o CEPRI.
Contactos: cepri@lis.ulusiada.pt
918981010 (Rui Saraiva)