Que jornalismo temos em Portugal?
O recente lançamento do livro de Carrilho teria tudo para trazer à discussão, mais do que a tese da cabala, a ideia de que devemos pensar nos jornalistas que temos em Portugal.
Teria tudo para promover um debate aprofundado pois, bem ou mal, Carrilho lança diversos nomes à praça e grande parte deles nem sequer ponderou desmentir o que o candidato a Lisboa afirma.
Seria um belíssimo catalisador para a discussão caso ela interessasse ao promiscuo meio da comunicação social.
Não há verdadeiramente comunicação social idónea no nosso país. Não há jornalista que não dê um bocadinho da sua opinião acerca da notícia que relata (vejam-se os da TVI), chegando mesmo a contorcer-se na cadeira no momento em que uma multidão por um qualquer motivo apoia os EUA. Não há por cá jornalista que não defenda profundamente ideias ecologistas! Apareça uma colónia de libelinhas e logo terá que se alterar todo um projecto de uma ponte. E o jornalista não desiste enquanto não voltar a levar à cena o senhor que deu início ao protesto: um qualquer deputado dos verdes.
Vejamos o caso da “belíssima” reportagem que saiu na Focus acerca do World MUN. Tudo o que se lhe tivesse dito seria demais pois a senhora estagiária trazia já as ideias pré-concebidas de como iria escrever a peça. Vê-se o resultado!
Conhecem-se as promiscuidades entre a imprensa e as empresas. O senhor jornalista vai fazer uma reportagem sobre uma nova empresa de “coisas velhas” e depois tem o almoço e o hotel pago pela empresa que convida! Vão na comitiva presidencial e apenas reportam o press-realise preparado pela acessória de imprensa do presidente.
E depois aparecem senhores a defender a classe, que até tem um estatuto deontológico que de pouco serve, mas que defendem a classe que está debaixo do mesmo chapéu. A classe que está para lá do chapéu são diferentes entre os iguais.
Carrilho pode não ter tido razão na forma como expôs o problema, mas teve o mérito de o expor. Debata-se agora a questão
quarta-feira, maio 24, 2006
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2 comentários:
completamente de acordo com o post; retenho duas frases com as quais estão ainda mais de acordo:
– Não há jornalista que não dê um bocadinho da sua opinião acerca da notícia que relata;
– Carrilho pode não ter tido razão na forma como expôs o problema, mas teve o mérito de o expor
E, acrescento eu, a derrora do Carrilho nas eleições não me interessa, mas interessa-me o que ele lá diz e que eu até me lembro de ter assistido estupefacto sobre o que se estava a passar (logo eu, que nunca gostei do homem…)
Não me assusta ver mau jornalismo, é preocupante, isso sim, não existirem alternativas de qualidade.Ferindo assim a qualidade da democracia.
Quanto ao jornalismo de opinião, o aparecimento da revista Atlântico em Portugal veio romper com a tendência dominante, talvez sejam necessárias mais iniciativas desse tipo por parte da sociedade cívil, para mostrar que os portugueses não têm todos a mesma opinião nem são uma massa anónima de eco-obssessivos de esquerda...
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